Saudações. Deus abençoe a todos, meus queridos amigos. Quero falar-lhes esta noite sobre a Máscara, ou autoimagem idealizada.
A dor é a parte da experiência
humana, a começar pelo nascimento, que é uma experiência dolorosa para o bebê.
Embora experiências agradáveis devam também ocorrer, o conhecimento e o medo da
dor estão sempre presentes. E o medo da dor cria um problema básico. A
principal contramedida a que as pessoas recorrem na falsa convicção de poder
contornar a felicidade, a dor, e até mesmo a morte, é a criação da autoimagem
idealizada.
A autoimagem idealizada é
destinada a ser um meio de evitar a infelicidade. Essa infelicidade
automaticamente priva a criança de segurança, sua autoconfiança é diminuída na
proporção da infelicidade, embora esta não possa ser medida objetivamente.
Aquilo com o que uma pessoa pode ser capaz de lidar muito bem, e não
experimenta como uma infelicidade drástica, com outro temperamento, com outro
caráter, sente como um infortúnio terrível.
De qualquer modo, a infelicidade
e a falta de fé em si mesmas estão interligadas. Ao pretender ser o que não é,
isto é, ao criar uma autoimagem idealizada, a pessoa espera restabelecer a
felicidade, a segurança e a autoconfiança.
Na realidade, a autoconfiança
saudável e genuína é paz de espírito, é segurança e independência sadia e
permite que uma pessoa alcance o máximo de felicidade através do
desenvolvimento dos seus talentos inerentes, levando uma vida construtiva e
cultivando relações humanas produtivas. Porém, uma vez que a autoconfiança
estabelecida através do Eu Idealizado é artificial, não existe a menor
possibilidade de obter o resultado esperado.
Na verdade, a consequência é
exatamente contrária e é frustrante porque causa e efeito não são óbvios para
você.
Você precisa compreender o
significado, os efeitos, os danos que surgem no rastro da autoimagem
idealizada, reconhecer plenamente a sua existência, o modo específico em que
ela se manifesta no seu caso individual. Isso requer muito trabalho adicional
para o qual todo o trabalho anterior foi necessário. A dissolução do Eu
Idealizado é a única maneira possível de encontrar o seu Eu Verdadeiro, de
encontrar serenidade e respeito próprio e de viver sua vida por inteiro.
Já usei ocasionalmente o termo “Mascara” no passado. A
Mascar e o Eu Idealizado são, na verdade, a mesma coisa: são um. O Eu
Idealizado mascara o Eu Verdadeiro. Ele finge ser algo que você não é.
O medo da dor e da punição
Na infância, não importa quais
tenham sido as circunstâncias particulares, você foi doutrinado com
admoestações sobre a importância de ser bom, de ser amado e perfeito. Quando
isso não ocorria, você era freqüentemente castigado, de uma forma ou de outra.
Talvez o pior castigo tenha sido
o fato de seus pais afastarem de você o seu afeto; eles ficavam zangados e você
tinha a impressão de que não era mais amado. Não é de admirar que a “maldade”
fosse associada ao castigo e à infelicidade e a “bondade” com a recompensa e a
felicidade. Portanto, ser “bom” e “perfeito” tornou-se um imperativo; tornou-se
uma questão de vida ou de morte para você.
Mesmo assim, você sabia
perfeitamente bem que não era tão bom e tão perfeito quanto o mundo parecia
esperar que você fosse. Isso tinha que ser escondido; transformouse num segredo
carregado de culpa. Foi assim que você começou a construir um falso Eu. Este
era, pensava você, a sua proteção e o seu meio de conseguir tudo aquilo que
você queria desesperadamente – vida, felicidade, segurança, autoconfiança.
A consciência dessa frente falsa
começou a desaparecer, mas você foi e é permanentemente permeado pela culpa de
fingir que é alguém que não é. Você luta cada vez mais para tornar-se esse
falso eu, esse Eu Idealizado. Você estava, e inconscientemente ainda está
convencido de que, caso se esforce o suficiente, um dia será esse eu. Mas esse
processo artificial de esforçar-se a ser algo que não é jamais será capaz de
atingir um autoaperfeiçoamento, uma autopurificação e crescimento genuínos,
porque você começou a construir um eu irreal sobre um alicerce falso, deixando
de fora o seu Eu Verdadeiro. De fato, você o está escondendo desesperadamente.
A máscara moral do Eu Idealizado
A autoimagem idealizada pode
assumir muitas formas. Ela nem sempre dita padrões de perfeição reconhecida.
Oh!, sim, uma boa parte da autoimagem idealizada dita elevados padrões morais,
tornando assim muito mais difícil questionar-se a sua validade. “Mas não está
certo querer ser sempre decente, amável, compreensivo, nunca ter raiva e não
ter defeitos, mas tentar atingir a perfeição? Não é isso que devemos fazer?”
Essas considerações tornarão difícil para você descobrir a atitude que nega a
sua atual imperfeição, o orgulho e a falta de humildade que o impedem de se
aceitar tal como você é agora, e acima de tudo, o fingimento com os seus
resultados: vergonha, medo de se expor, segredo, tensão, esforço, culpa e
ansiedade.
Será necessário algum progresso
nesse Pathwork antes que você comece a experimentar a diferença de sentimento
entre o genuíno desejo de trabalhar gradualmente em direção ao crescimento e a
insincera pretensão que lhe é imposta pelos ditames do seu Eu Idealizado. Você
descobrirá o medo profundamente oculto que diz que o seu mundo irá acabar, caso
você não corresponda aos seus padrões. Você sentirá e conhecerá muitos outros
aspectos entre o Eu genuíno e o falso; e também descobrirá o que lhe exige o
seu Eu Idealizado particular.
Existem também certas facetas do
Eu Idealizado, dependendo da personalidade, das condições de vida e das
influências da infância, que não são e não podem ser consideradas boas, éticas
ou morais. Tendências agressivas, hostis e orgulhosas, exageradamente
ambiciosas, são glorificadas ou idealizadas. É verdade que esses traços
negativos existem por trás de todas as autoimagens idealizadas, mas eles estão
escondidos e, visto que contrariam frontalmente os padrões moralmente elevados
do seu Eu Idealizado seja exposto como a fraude que é. A pessoa que engrandece
essas tendências negativas, acreditando que elas sejam de força, de
independência, de superioridade e distanciamento, ficaria profundamente
envergonhada do tipo de bondade que o Eu Idealizado de uma outra pessoa usa
como fachada, e a consideraria fraqueza, vulnerabilidade e independência num
sentido não saudável. Uma pessoa assim passa totalmente por cima do fato de que
nada torna uma pessoa tão vulnerável quanto o orgulho; nada causa tanto medo.
Na maioria dos casos, existe uma combinação dessas duas tendências: padrões
morais excessivamente exigentes, impossíveis de atender; e o orgulho em ser
invulnerável, distante e superior. A coexistência desses caminhos mutuamente
excludentes, apresenta uma dificuldade particular para a psique. Não é preciso
dizer que a percepção consciente dessa contradição está ausente até que esse
trabalho específico esteja bem avançado.
Consideremos agora alguns
dos efeitos gerais da existência do Eu Idealizado e algumas das suas
implicações. Uma vez que os padrões e os ditames do Eu
Idealizado são impossíveis de realizar, e contudo você nunca desista da
tentativa de sustentá-los, você cultiva uma tirania interna da pior espécie.
Você não percebe a impossibilidade de ser tão perfeito quanto o seu Eu
Idealizado exige, e nunca deixa de flagelar-se, castigar-se e sentirse um
completo fracasso sempre que for provado que você não pode corresponder às
exigências daquele.
Um sentimento de indignidade
abjeta sobre você sempre que falha em atender a essas fantásticas exigências e
o mergulhar em infelicidade. Esta às vezes pode ser consciente, mas a maior
parte do tempo não é. Mesmo que seja, você não se dá conta de todo o seu
significado: a impossibilidade de ser aquilo que você espera de si mesmo.
Quando tenta esconder suas reações diante do seu próprio “fracasso”, você usa
meios especiais para evitar vê-lo. Um dos estratagemas mais comuns é projetar a
culpa pelo “fracasso” no mundo exterior, nos outros, na vida.
Quanto mais você tenta se
identificar com a sua autoimagem idealizada, maior é a sua desilusão sempre que
a vida o coloca numa posição na qual essa farsa não pode mais ser mantida.
Muitas crises pessoais são baseadas nesse dilema, antes que em dificuldades
externas. Essas dificuldades então se tornam uma ameaça maior, além do seu
revés objetivo. A existência das dificuldades é uma prova de que você não é o
seu Eu Idealizado e isso o priva da falsa autoconfiança que tentou estabelecer
com a criação do Eu idealizado.
Existem outros tipos de
personalidade que sabem perfeitamente bem que não podem identificar-se com o Eu
Idealizado. Porém, elas não sabem fazê-lo de uma forma sadia. Elas se
desesperam, acreditam que deveriam ser capazes de corresponder. Sua vida como
um todo é permeada por um senso de fracasso, enquanto o tipo citado
anteriormente apenas o experimenta em níveis mais conscientes quando em
condições externas e internas terminam por exibir o fantasma do Eu Idealizado,
mostrando-o como realmente é – uma ilusão, uma farsa, uma desonestidade.
No fim das contas, é como
dizer: “Eu sei que sou imperfeito, mas eu finjo que não sou”. Não reconhecer
essa desonestidade é comparativamente fácil quando racionalizada pela
consciência, por padrões e objetivos honrosos e por um desejo de ser bom.
Autoaceitação
O genuíno desejo de autoaperfeiçoamento leva uma pessoa a
aceitar a personalidade tal como ela é agora. Se essa premissa básica for a
principal força condutora que o motiva a buscar a perfeição, qualquer
descoberta de um ponto onde você deixa a desejar em relação a seus ideais não o
lançará em depressão, ansiedade e culpa; antes, o fortalecerá. Você
não precisará exagerar a “maldade” do comportamento em questão e tampouco se
defenderá contra ela com a escusa de que a culpa é dos outros, da vida, do
destino. Você vai obter uma visão objetiva de si mesmo nesse aspecto, e essa
visão o libertará. Você assumirá a responsabilidade integral pela atitude
falha, dispondo-se a assumir as consequências do seu ato. Quando você expressa
o seu Eu Idealizado, não teme nada mais do que isso, pois assumir a
responsabilidade por suas limitações equivale a dizer “eu não sou o meu Eu
Idealizado”.
O tirano interior
Um sentimento de fracasso, de
frustração ou compulsão, bem como de culpa e vergonha, são os mais claros
indícios de que seu Eu Idealizado está no comando. De todas as emoções que
jazem enterradas, essas são as que são conscientemente sentidas.
O Eu Idealizado foi criado para
trazer autoconfiança e, portanto, finalmente, felicidade e prazer absolutos.
Quanto mais forte a sua presença, tanto mais a verdadeira autoconfiança se
desvanece. Uma vez que você não pode corresponder a seus padrões, você desce
mais ainda no seu próprio conceito. É óbvio, portanto, que a legítima
autoconfiança, só pode ser estabelecida quando você remove a superestrutura que
é esse tirano, o seu Eu Idealizado.
Sim, você poderia ter
autoconfiança se o Eu Idealizado fosse realmente você; e se lhe fosse possível
atender a esses padrões. Uma vez que isso é impossível e visto que, bem lá no
fundo, você sabe perfeitamente bem que não é nada parecido com o que pensa que
deve ser – com esse “super-eu” você acumula mais insegurança e mais círculos
viciosos passam a existir.
A insegurança original,
supostamente varrida pelo estabelecimento do Eu Idealizado, cresce constantemente;
ela se torna uma bola de neve e fica cada vez maior. Quanto mais inseguro você
se sente, quanto mais estritas ficam as exigências das superestruturas do Eu
Idealizado, menos capaz é você de adequar-se a elas, e mais inseguro se sente.
É muito importante que você veja
como opera esse círculo vicioso. Mas isso não pode ser feito até, e a menos que
você se torne completamente consciente das formas tortuosas, sutis e
inconscientes pelas quais essa autoimagem idealizada existe no seu caso
particular. Pergunte a si mesmo em quais áreas específicas ela se
manifesta, quais as causas e os efeitos que estão ligados a ela.
Afastamento do eu verdadeiro
Um outro drástico resultado desse problema é o
afastamento cada vez maior do Eu Verdadeiro. O Eu Idealizado é uma falsidade;
ele é uma imitação rígida e artificialmente construída de um ser humano vivo.
Você pode investi-lo de muitos aspectos do seu ser real, mas ele continua sendo
uma construção artificial. Quanto mais você investe nele as suas energias, a
sua personalidade, os seus processos de pensamento, seus conceitos, ideias e
ideais, mais força ele retira de seu ser, o único que é passível de crescimento.
Esse centro do seu ser é a única
parte de você que pode viver, crescer e ser; ele é o verdadeiro “você”. É a
única porção em que você pode guiá-lo adequadamente. Só ele funciona com todas
as suas capacidades; ele é flexível e intuitivo. Apenas os seus sentimentos são
verdadeiros e validos mesmo que, no momento, eles ainda não ostentem toda a sua
verdade e realidade, toda a sua perfeição e pureza.
Os sentimentos do Eu
Verdadeiro, porem, funciona em perfeição relativa ao que você é agora, não
sendo capaz de ser mais, em qualquer situação da sua vida. Quanto mais você
retira desse centro vivo para investir no robô que você criou, tanto mais
afastado você fica do Eu Verdadeiro e mais o enfraquece e empobrece.
No decorrer deste Pathwork, você
tem por vezes esbarrando com essa questão, intrigante e comumente assustadora:
“Quem sou eu realmente?” Esse é o resultado da discrepância e do confronto
entre o Eu Verdadeiro e o falso eu. Somente com a solução dessa questão vital e
profunda é que o seu centro vivo responderá e funcionará com toda a sua
capacidade. Você se tornará espontâneo, livre de todas as compulsões; confiará
nos seus sentimentos tornar-se-ão para você tão confiáveis quanto o seu poder
de raciocínio e o seu intelecto.
Tudo isso é a descoberta final do
Eu. Antes que ela possa ser feita, um grande número de obstáculos tem de ser
superados. Parece-lhe que esse é um conflito de vida ou morte. Você ainda crê
que precisa do Eu Idealizado para crescer e para ser feliz. Uma vez que tenha
compreendido que não é assim, você será capaz de abandonar a falsa defesa que
faz a manutenção e o cultivo do Eu Idealizado parecem necessários.
Quando você entender que o Eu
Idealizado se destinava a resolver os problemas particulares em sua vida, acima
e além da sua necessidade de felicidade, prazer e segurança, você verá a
conclusão errônea dessa teoria. Uma vez que avance um passo e reconheça o dano
que o Eu Idealizado causou à sua vida, você o abandonará como o fardo que ele
é. Nenhuma convicção, teoria ou palavras que você escute farão com que
você o deixe, mas o reconhecimento daquilo que ele estava especificamente
destinado a resolver e do dano que ele causou e continua causando fará você
capaz de dissolver essa que é a imagem de todas as imagens.
Não é preciso dizer que você
também tem de reconhecer, mais particularmente e em detalhes, quais são as suas
exigências e padrões específicos e, além disso, você tem de ver a
irracionalidade e a impossibilidade destes. Quando você tem um sentimento de
aguda ansiedade e depressão, considere a possibilidade de o Eu Idealizado estar
se sentindo questionado e ameaçado, seja por suas próprias limitações, seja
pelos outros ou pela vida. Reconheça o desprezo por si mesmo que subjaz a
ansiedade ou a depressão.
Quando você estiver
compulsivamente aborrecido com os outros, considere a possibilidade de que isso
seja apenas uma externalização da raiva que você tem de si mesmo por não
corresponder aos padrões do seu falso eu. Não deixe que esse fato
passe com a desculpa de que problemas exteriores são responsáveis pela sua
depressão, pelo seu medo. Examine a questão desse novo ângulo. O seu Pathwork
particular e específico vai ajudá-lo nessa direção, mas é quase impossível
fazê-lo sozinho. Somente depois que tenha feito um progresso substancial é que
você reconhecerá que muitos desses problemas exteriores são o resultado direto
ou indireto da discrepância entre as suas capacidades e os padrões do seu Eu
Idealizado e de como você lida com o conflito.
Então, na medida em que
prosseguir nessa fase particular do Pathwork, você entenderá a exata natureza
do seu Eu Idealizado: suas exigências, necessidades em relação a você mesmo e
aos outros para manter a ilusão. Uma vez que perceba que aquilo que você
considera recomendável é na realidade orgulho e pretensão, você terá atingido
uma percepção muito mais profunda que lhe permitirá reduzir o impacto do Eu
Idealizado. Só então você se dará conta do tremendo castigo que inflige a você
mesmo, pois sempre que você deixa a desejar, não há como evitar isso, você fica
tão impaciente, tão irritado que os seus sentimentos podem rolar como uma bola
de neve para a fúria e a ira contra si mesmo. Essa fúria e essa ira são frequentemente
projetadas nos outros porque é insuportável estar consciente do ódio por si
mesmo, a menos que a pessoa desvele todo esse processo e o veja por inteiro,
sob a luz. Todavia, mesmo que esse ódio seja descarregado sobre outros, o
efeito sobre a personalidade continua lá e pode causar doença, acidente, perda
e fracasso exterior de muitas formas.
O abandono do eu idealizado
Logo que você der os primeiros
passos em direção ao abandono do Eu Idealizado, você terá um senso de
libertação como nunca teve antes. Então você verdadeiramente nascerá de novo. O
seu Eu Verdadeiro vai emergir e você vai repousar nele, centrado no seu
interior. Aí você vai realmente crescer, não apenas nas áreas externas que
podem ter ficado livres da ditadura do Eu Idealizado, mas em cada parte do seu
ser.
Isso vai mudar muitas coisas.
Primeiro, virão mudanças nas suas reações à vida, aos incidentes, a si mesmo e
aos outros. Essa reação modificada vai ser bastante surpreendente, mas, aos
poucos os fatores externos também devem mudar. A mudança da sua atitude trará
novos efeitos. A superação do seu Eu Idealizado significa ultrapassar um
importante aspecto da dualidade entre a vida e a morte. Atualmente, você nem ao
menos tem consciência da pressão do seu Eu Idealizado, da compulsão. Percebe-se
um lampejo ocasional dessas emoções, você ainda não as relaciona com as
demandas fantásticas do seu Eu Idealizado. Só depois de descortinar por
completo essas fantásticas expectativas e os seus imperativos frequentemente
contraditórios é que irá deixá-los para trás.
A liberdade interior inicial
conseguida dessa maneira permitirá que você lide com a vida e assuma nela o seu
devido lugar; não lhe será mais necessário agarrar-se freneticamente ao Eu
Idealizado. A simples atividade interior de aferrar-se ao Eu Idealizado de
forma tão frenética gera um clima generalizado de apego, o qual é vivido por
vezes em atitudes externas, mas com mais frequência é uma qualidade ou atitude
interior. Com o prosseguimento dessa nova fase do seu trabalho neste Pathwork,
você sentirá e perceberá essa tensão interior e gradualmente reconhecerá o
prejuízo básico por ela causado. Para muitos, ela torna impossível o ato de
abrir mão, dificulta desnecessariamente qualquer processo de mudança que
permita que a vida traga alegria e um espírito de vigor. Você se mantém preso
dentro de si mesmo e portanto vai contra a vida em um dos seus aspectos mais
fundamentais.
As palavras não são suficientes;
você tem antes que sentir o que eu quero dizer. Você saberá exatamente quando
tiver enfraquecido o seu Eu Idealizado através da plena compreensão da sua função,
das suas causas e efeitos. Então você obterá a grande liberdade de se entregar
à vida por não ter mais que esconder algo de si mesmo e dos outros. Você será
capaz de se entregar à vida, não de forma mórbida e irracional, mas de modo
saudável, como a natureza se entrega. Só então você conhecerá a beleza de
viver.
Você não pode abordar essa parte
importantíssima do seu trabalho interior como um conceito geral. Como frequentemente
se dá, suas reações diárias mais insignificantes, consideradas desse ponto de
vista, apresentarão os resultados necessários. Portanto, leve avante o exame de
si mesmo a partir dessas novas considerações e não se impaciente por isso
exigir tempo e um esforço descontraído.
A volta para casa
Mais uma palavra: a diferença entre o Eu Verdadeiro e o Eu Idealizado com
frequência não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. Isto é, a
motivação original é diferente nesses dois “eus”. Isso não será fácil de ver,
mas à medida que você reconhecer as exigências e contradições, as sequências de
causa e efeito, a diferença de motivação gradualmente vai ficando clara.
Outra consideração importante é o
elemento tempo. O Eu Idealizado quer ser perfeito, de acordo com suas demandas
específicas, exatamente agora. O Eu Verdadeiro sabe que não é possível e não
sofre com isso.
É claro que você não é perfeito.
O seu eu atual é um complexo de tudo que você é no momento. Naturalmente você
possui o seu egocentrismo básico, mas caso o assuma, poderá lidar com ele, você
pode aprender a compreendê-lo e, portanto, diminuí-lo com cada nova percepção
então você realmente experimentará a verdade de que quanto mais egocêntrico se
é menos confiante se pode ser. O Eu Idealizado crê exatamente o oposto. Suas
exigências de perfeição são motivadas por razões puramente egoístas, e esse
mesmo egocentrismo torna impossível a autoconfiança.
A grande liberdade de “voltar
para casa”, meus amigos, é descobrir o caminho de volta para o seu verdadeiro
ser. A expressão “voltar para casa” tem sido repetidamente empregada em
literatura e nos ensinamentos espirituais, mas tem sido muito mal compreendida.
Ela é comumente interpretada como o retorno para o Mundo Espiritual, depois da
morte física, mas significa muito mais. Você pode passar por muitas mortes, uma
vida terrena após outra; mas, se não tiver encontrado o seu Eu Verdadeiro você
não poderá voltar para casa. Você pode estar perdido e permanecer perdido até
que encontra o centro do seu ser. Por outro lado, você pode encontrar o seu
caminho para casa exatamente aqui e agora, enquanto ainda permanece no corpo.
Quando você reunir a coragem de ser o Eu Idealizado, vai descobrir que ele é
muito mais. Então você terá a paz de estar em casa dentro de si mesmo; você vai
encontrar a segurança. Então você atuará como um ser humano completo; você terá
quebrado o látego de ferro de um capataz a quem é impossível obedecer. Então
você saberá o que realmente significa paz e segurança. Você deixará, de uma vez
por todas, de buscá-las por meios falsos.
Agora, meus queridos, recebam,
cada um de vocês, o nosso amor, a nossa força e as nossas bênçãos. Fiquem em
paz, fiquem com Deus.
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