- CAPÍTULO 8 - A AUTO-IMAGEM IDEALIZADA

 Saudações. Deus abençoe a todos, meus queridos amigos.                                                                    Quero falar-lhes esta noite sobre a Máscara, ou autoimagem idealizada.

A dor é a parte da experiência humana, a começar pelo nascimento, que é uma experiência dolorosa para o bebê. Embora experiências agradáveis devam também ocorrer, o conhecimento e o medo da dor estão sempre presentes. E o medo da dor cria um problema básico. A principal contramedida a que as pessoas recorrem na falsa convicção de poder contornar a felicidade, a dor, e até mesmo a morte, é a criação da autoimagem idealizada.

A autoimagem idealizada é destinada a ser um meio de evitar a infelicidade. Essa infelicidade automaticamente priva a criança de segurança, sua autoconfiança é diminuída na proporção da infelicidade, embora esta não possa ser medida objetivamente. Aquilo com o que uma pessoa pode ser capaz de lidar muito bem, e não experimenta como uma infelicidade drástica, com outro temperamento, com outro caráter, sente como um infortúnio terrível.

De qualquer modo, a infelicidade e a falta de fé em si mesmas estão interligadas. Ao pretender ser o que não é, isto é, ao criar uma autoimagem idealizada, a pessoa espera restabelecer a felicidade, a segurança e a autoconfiança.

Na realidade, a autoconfiança saudável e genuína é paz de espírito, é segurança e independência sadia e permite que uma pessoa alcance o máximo de felicidade através do desenvolvimento dos seus talentos inerentes, levando uma vida construtiva e cultivando relações humanas produtivas. Porém, uma vez que a autoconfiança estabelecida através do Eu Idealizado é artificial, não existe a menor possibilidade de obter o resultado esperado.

Na verdade, a consequência é exatamente contrária e é frustrante porque causa e efeito não são óbvios para você.

Você precisa compreender o significado, os efeitos, os danos que surgem no rastro da autoimagem idealizada, reconhecer plenamente a sua existência, o modo específico em que ela se manifesta no seu caso individual. Isso requer muito trabalho adicional para o qual todo o trabalho anterior foi necessário. A dissolução do Eu Idealizado é a única maneira possível de encontrar o seu Eu Verdadeiro, de encontrar serenidade e respeito próprio e de viver sua vida por inteiro.

Já usei ocasionalmente o termo “Mascara” no passado. A Mascar e o Eu Idealizado são, na verdade, a mesma coisa: são um. O Eu Idealizado mascara o Eu Verdadeiro. Ele finge ser algo que você não é.

O medo da dor e da punição

Na infância, não importa quais tenham sido as circunstâncias particulares, você foi doutrinado com admoestações sobre a importância de ser bom, de ser amado e perfeito. Quando isso não ocorria, você era freqüentemente castigado, de uma forma ou de outra.

Talvez o pior castigo tenha sido o fato de seus pais afastarem de você o seu afeto; eles ficavam zangados e você tinha a impressão de que não era mais amado. Não é de admirar que a “maldade” fosse associada ao castigo e à infelicidade e a “bondade” com a recompensa e a felicidade. Portanto, ser “bom” e “perfeito” tornou-se um imperativo; tornou-se uma questão de vida ou de morte para você.

Mesmo assim, você sabia perfeitamente bem que não era tão bom e tão perfeito quanto o mundo parecia esperar que você fosse. Isso tinha que ser escondido; transformouse num segredo carregado de culpa. Foi assim que você começou a construir um falso Eu. Este era, pensava você, a sua proteção e o seu meio de conseguir tudo aquilo que você queria desesperadamente – vida, felicidade, segurança, autoconfiança.

A consciência dessa frente falsa começou a desaparecer, mas você foi e é permanentemente permeado pela culpa de fingir que é alguém que não é. Você luta cada vez mais para tornar-se esse falso eu, esse Eu Idealizado. Você estava, e inconscientemente ainda está convencido de que, caso se esforce o suficiente, um dia será esse eu. Mas esse processo artificial de esforçar-se a ser algo que não é jamais será capaz de atingir um autoaperfeiçoamento, uma autopurificação e crescimento genuínos, porque você começou a construir um eu irreal sobre um alicerce falso, deixando de fora o seu Eu Verdadeiro. De fato, você o está escondendo desesperadamente.

A máscara moral do Eu Idealizado

A autoimagem idealizada pode assumir muitas formas. Ela nem sempre dita padrões de perfeição reconhecida. Oh!, sim, uma boa parte da autoimagem idealizada dita elevados padrões morais, tornando assim muito mais difícil questionar-se a sua validade. “Mas não está certo querer ser sempre decente, amável, compreensivo, nunca ter raiva e não ter defeitos, mas tentar atingir a perfeição? Não é isso que devemos fazer?” Essas considerações tornarão difícil para você descobrir a atitude que nega a sua atual imperfeição, o orgulho e a falta de humildade que o impedem de se aceitar tal como você é agora, e acima de tudo, o fingimento com os seus resultados: vergonha, medo de se expor, segredo, tensão, esforço, culpa e ansiedade.

Será necessário algum progresso nesse Pathwork antes que você comece a experimentar a diferença de sentimento entre o genuíno desejo de trabalhar gradualmente em direção ao crescimento e a insincera pretensão que lhe é imposta pelos ditames do seu Eu Idealizado. Você descobrirá o medo profundamente oculto que diz que o seu mundo irá acabar, caso você não corresponda aos seus padrões. Você sentirá e conhecerá muitos outros aspectos entre o Eu genuíno e o falso; e também descobrirá o que lhe exige o seu Eu Idealizado particular.

Existem também certas facetas do Eu Idealizado, dependendo da personalidade, das condições de vida e das influências da infância, que não são e não podem ser consideradas boas, éticas ou morais. Tendências agressivas, hostis e orgulhosas, exageradamente ambiciosas, são glorificadas ou idealizadas. É verdade que esses traços negativos existem por trás de todas as autoimagens idealizadas, mas eles estão escondidos e, visto que contrariam frontalmente os padrões moralmente elevados do seu Eu Idealizado seja exposto como a fraude que é. A pessoa que engrandece essas tendências negativas, acreditando que elas sejam de força, de independência, de superioridade e distanciamento, ficaria profundamente envergonhada do tipo de bondade que o Eu Idealizado de uma outra pessoa usa como fachada, e a consideraria fraqueza, vulnerabilidade e independência num sentido não saudável. Uma pessoa assim passa totalmente por cima do fato de que nada torna uma pessoa tão vulnerável quanto o orgulho; nada causa tanto medo. Na maioria dos casos, existe uma combinação dessas duas tendências: padrões morais excessivamente exigentes, impossíveis de atender; e o orgulho em ser invulnerável, distante e superior. A coexistência desses caminhos mutuamente excludentes, apresenta uma dificuldade particular para a psique. Não é preciso dizer que a percepção consciente dessa contradição está ausente até que esse trabalho específico esteja bem avançado.

Consideremos agora alguns dos efeitos gerais da existência do Eu Idealizado e algumas das suas implicações. Uma vez que os padrões e os ditames do Eu Idealizado são impossíveis de realizar, e contudo você nunca desista da tentativa de sustentá-los, você cultiva uma tirania interna da pior espécie. Você não percebe a impossibilidade de ser tão perfeito quanto o seu Eu Idealizado exige, e nunca deixa de flagelar-se, castigar-se e sentirse um completo fracasso sempre que for provado que você não pode corresponder às exigências daquele.

Um sentimento de indignidade abjeta sobre você sempre que falha em atender a essas fantásticas exigências e o mergulhar em infelicidade. Esta às vezes pode ser consciente, mas a maior parte do tempo não é. Mesmo que seja, você não se dá conta de todo o seu significado: a impossibilidade de ser aquilo que você espera de si mesmo. Quando tenta esconder suas reações diante do seu próprio “fracasso”, você usa meios especiais para evitar vê-lo. Um dos estratagemas mais comuns é projetar a culpa pelo “fracasso” no mundo exterior, nos outros, na vida.

Quanto mais você tenta se identificar com a sua autoimagem idealizada, maior é a sua desilusão sempre que a vida o coloca numa posição na qual essa farsa não pode mais ser mantida. Muitas crises pessoais são baseadas nesse dilema, antes que em dificuldades externas. Essas dificuldades então se tornam uma ameaça maior, além do seu revés objetivo. A existência das dificuldades é uma prova de que você não é o seu Eu Idealizado e isso o priva da falsa autoconfiança que tentou estabelecer com a criação do Eu idealizado.

Existem outros tipos de personalidade que sabem perfeitamente bem que não podem identificar-se com o Eu Idealizado. Porém, elas não sabem fazê-lo de uma forma sadia. Elas se desesperam, acreditam que deveriam ser capazes de corresponder. Sua vida como um todo é permeada por um senso de fracasso, enquanto o tipo citado anteriormente apenas o experimenta em níveis mais conscientes quando em condições externas e internas terminam por exibir o fantasma do Eu Idealizado, mostrando-o como realmente é – uma ilusão, uma farsa, uma desonestidade.

No fim das contas, é como dizer: “Eu sei que sou imperfeito, mas eu finjo que não sou”. Não reconhecer essa desonestidade é comparativamente fácil quando racionalizada pela consciência, por padrões e objetivos honrosos e por um desejo de ser bom.

Autoaceitação

O genuíno desejo de autoaperfeiçoamento leva uma pessoa a aceitar a personalidade tal como ela é agora. Se essa premissa básica for a principal força condutora que o motiva a buscar a perfeição, qualquer descoberta de um ponto onde você deixa a desejar em relação a seus ideais não o lançará em depressão, ansiedade e culpa; antes, o fortalecerá. Você não precisará exagerar a “maldade” do comportamento em questão e tampouco se defenderá contra ela com a escusa de que a culpa é dos outros, da vida, do destino. Você vai obter uma visão objetiva de si mesmo nesse aspecto, e essa visão o libertará. Você assumirá a responsabilidade integral pela atitude falha, dispondo-se a assumir as consequências do seu ato. Quando você expressa o seu Eu Idealizado, não teme nada mais do que isso, pois assumir a responsabilidade por suas limitações equivale a dizer “eu não sou o meu Eu Idealizado”.

O tirano interior

Um sentimento de fracasso, de frustração ou compulsão, bem como de culpa e vergonha, são os mais claros indícios de que seu Eu Idealizado está no comando. De todas as emoções que jazem enterradas, essas são as que são conscientemente sentidas.

O Eu Idealizado foi criado para trazer autoconfiança e, portanto, finalmente, felicidade e prazer absolutos. Quanto mais forte a sua presença, tanto mais a verdadeira autoconfiança se desvanece. Uma vez que você não pode corresponder a seus padrões, você desce mais ainda no seu próprio conceito. É óbvio, portanto, que a legítima autoconfiança, só pode ser estabelecida quando você remove a superestrutura que é esse tirano, o seu Eu Idealizado.

Sim, você poderia ter autoconfiança se o Eu Idealizado fosse realmente você; e se lhe fosse possível atender a esses padrões. Uma vez que isso é impossível e visto que, bem lá no fundo, você sabe perfeitamente bem que não é nada parecido com o que pensa que deve ser – com esse “super-eu” você acumula mais insegurança e mais círculos viciosos passam a existir.

A insegurança original, supostamente varrida pelo estabelecimento do Eu Idealizado, cresce constantemente; ela se torna uma bola de neve e fica cada vez maior. Quanto mais inseguro você se sente, quanto mais estritas ficam as exigências das superestruturas do Eu Idealizado, menos capaz é você de adequar-se a elas, e mais inseguro se sente.

É muito importante que você veja como opera esse círculo vicioso. Mas isso não pode ser feito até, e a menos que você se torne completamente consciente das formas tortuosas, sutis e inconscientes pelas quais essa autoimagem idealizada existe no seu caso particular. Pergunte a si mesmo em quais áreas específicas ela se manifesta, quais as causas e os efeitos que estão ligados a ela.

Afastamento do eu verdadeiro

 Um outro drástico resultado desse problema é o afastamento cada vez maior do Eu Verdadeiro. O Eu Idealizado é uma falsidade; ele é uma imitação rígida e artificialmente construída de um ser humano vivo. Você pode investi-lo de muitos aspectos do seu ser real, mas ele continua sendo uma construção artificial. Quanto mais você investe nele as suas energias, a sua personalidade, os seus processos de pensamento, seus conceitos, ideias e ideais, mais força ele retira de seu ser, o único que é passível de crescimento.

Esse centro do seu ser é a única parte de você que pode viver, crescer e ser; ele é o verdadeiro “você”. É a única porção em que você pode guiá-lo adequadamente. Só ele funciona com todas as suas capacidades; ele é flexível e intuitivo. Apenas os seus sentimentos são verdadeiros e validos mesmo que, no momento, eles ainda não ostentem toda a sua verdade e realidade, toda a sua perfeição e pureza.

Os sentimentos do Eu Verdadeiro, porem, funciona em perfeição relativa ao que você é agora, não sendo capaz de ser mais, em qualquer situação da sua vida. Quanto mais você retira desse centro vivo para investir no robô que você criou, tanto mais afastado você fica do Eu Verdadeiro e mais o enfraquece e empobrece.

No decorrer deste Pathwork, você tem por vezes esbarrando com essa questão, intrigante e comumente assustadora: “Quem sou eu realmente?” Esse é o resultado da discrepância e do confronto entre o Eu Verdadeiro e o falso eu. Somente com a solução dessa questão vital e profunda é que o seu centro vivo responderá e funcionará com toda a sua capacidade. Você se tornará espontâneo, livre de todas as compulsões; confiará nos seus sentimentos tornar-se-ão para você tão confiáveis quanto o seu poder de raciocínio e o seu intelecto.

Tudo isso é a descoberta final do Eu. Antes que ela possa ser feita, um grande número de obstáculos tem de ser superados. Parece-lhe que esse é um conflito de vida ou morte. Você ainda crê que precisa do Eu Idealizado para crescer e para ser feliz. Uma vez que tenha compreendido que não é assim, você será capaz de abandonar a falsa defesa que faz a manutenção e o cultivo do Eu Idealizado parecem necessários.

Quando você entender que o Eu Idealizado se destinava a resolver os problemas particulares em sua vida, acima e além da sua necessidade de felicidade, prazer e segurança, você verá a conclusão errônea dessa teoria. Uma vez que avance um passo e reconheça o dano que o Eu Idealizado causou à sua vida, você o abandonará como o fardo que ele é. Nenhuma convicção, teoria ou palavras que você escute farão com que você o deixe, mas o reconhecimento daquilo que ele estava especificamente destinado a resolver e do dano que ele causou e continua causando fará você capaz de dissolver essa que é a imagem de todas as imagens.

Não é preciso dizer que você também tem de reconhecer, mais particularmente e em detalhes, quais são as suas exigências e padrões específicos e, além disso, você tem de ver a irracionalidade e a impossibilidade destes. Quando você tem um sentimento de aguda ansiedade e depressão, considere a possibilidade de o Eu Idealizado estar se sentindo questionado e ameaçado, seja por suas próprias limitações, seja pelos outros ou pela vida. Reconheça o desprezo por si mesmo que subjaz a ansiedade ou a depressão.

Quando você estiver compulsivamente aborrecido com os outros, considere a possibilidade de que isso seja apenas uma externalização da raiva que você tem de si mesmo por não corresponder aos padrões do seu falso eu. Não deixe que esse fato passe com a desculpa de que problemas exteriores são responsáveis pela sua depressão, pelo seu medo. Examine a questão desse novo ângulo. O seu Pathwork particular e específico vai ajudá-lo nessa direção, mas é quase impossível fazê-lo sozinho. Somente depois que tenha feito um progresso substancial é que você reconhecerá que muitos desses problemas exteriores são o resultado direto ou indireto da discrepância entre as suas capacidades e os padrões do seu Eu Idealizado e de como você lida com o conflito.

Então, na medida em que prosseguir nessa fase particular do Pathwork, você entenderá a exata natureza do seu Eu Idealizado: suas exigências, necessidades em relação a você mesmo e aos outros para manter a ilusão. Uma vez que perceba que aquilo que você considera recomendável é na realidade orgulho e pretensão, você terá atingido uma percepção muito mais profunda que lhe permitirá reduzir o impacto do Eu Idealizado. Só então você se dará conta do tremendo castigo que inflige a você mesmo, pois sempre que você deixa a desejar, não há como evitar isso, você fica tão impaciente, tão irritado que os seus sentimentos podem rolar como uma bola de neve para a fúria e a ira contra si mesmo. Essa fúria e essa ira são frequentemente projetadas nos outros porque é insuportável estar consciente do ódio por si mesmo, a menos que a pessoa desvele todo esse processo e o veja por inteiro, sob a luz. Todavia, mesmo que esse ódio seja descarregado sobre outros, o efeito sobre a personalidade continua lá e pode causar doença, acidente, perda e fracasso exterior de muitas formas.

O abandono do eu idealizado

Logo que você der os primeiros passos em direção ao abandono do Eu Idealizado, você terá um senso de libertação como nunca teve antes. Então você verdadeiramente nascerá de novo. O seu Eu Verdadeiro vai emergir e você vai repousar nele, centrado no seu interior. Aí você vai realmente crescer, não apenas nas áreas externas que podem ter ficado livres da ditadura do Eu Idealizado, mas em cada parte do seu ser.

Isso vai mudar muitas coisas. Primeiro, virão mudanças nas suas reações à vida, aos incidentes, a si mesmo e aos outros. Essa reação modificada vai ser bastante surpreendente, mas, aos poucos os fatores externos também devem mudar. A mudança da sua atitude trará novos efeitos. A superação do seu Eu Idealizado significa ultrapassar um importante aspecto da dualidade entre a vida e a morte. Atualmente, você nem ao menos tem consciência da pressão do seu Eu Idealizado, da compulsão. Percebe-se um lampejo ocasional dessas emoções, você ainda não as relaciona com as demandas fantásticas do seu Eu Idealizado. Só depois de descortinar por completo essas fantásticas expectativas e os seus imperativos frequentemente contraditórios é que irá deixá-los para trás.

A liberdade interior inicial conseguida dessa maneira permitirá que você lide com a vida e assuma nela o seu devido lugar; não lhe será mais necessário agarrar-se freneticamente ao Eu Idealizado. A simples atividade interior de aferrar-se ao Eu Idealizado de forma tão frenética gera um clima generalizado de apego, o qual é vivido por vezes em atitudes externas, mas com mais frequência é uma qualidade ou atitude interior. Com o prosseguimento dessa nova fase do seu trabalho neste Pathwork, você sentirá e perceberá essa tensão interior e gradualmente reconhecerá o prejuízo básico por ela causado. Para muitos, ela torna impossível o ato de abrir mão, dificulta desnecessariamente qualquer processo de mudança que permita que a vida traga alegria e um espírito de vigor. Você se mantém preso dentro de si mesmo e portanto vai contra a vida em um dos seus aspectos mais fundamentais.

As palavras não são suficientes; você tem antes que sentir o que eu quero dizer. Você saberá exatamente quando tiver enfraquecido o seu Eu Idealizado através da plena compreensão da sua função, das suas causas e efeitos. Então você obterá a grande liberdade de se entregar à vida por não ter mais que esconder algo de si mesmo e dos outros. Você será capaz de se entregar à vida, não de forma mórbida e irracional, mas de modo saudável, como a natureza se entrega. Só então você conhecerá a beleza de viver.

Você não pode abordar essa parte importantíssima do seu trabalho interior como um conceito geral. Como frequentemente se dá, suas reações diárias mais insignificantes, consideradas desse ponto de vista, apresentarão os resultados necessários. Portanto, leve avante o exame de si mesmo a partir dessas novas considerações e não se impaciente por isso exigir tempo e um esforço descontraído.

A volta para casa

Mais uma palavra: a diferença entre o Eu Verdadeiro e o Eu Idealizado com frequência não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. Isto é, a motivação original é diferente nesses dois “eus”. Isso não será fácil de ver, mas à medida que você reconhecer as exigências e contradições, as sequências de causa e efeito, a diferença de motivação gradualmente vai ficando clara.

Outra consideração importante é o elemento tempo. O Eu Idealizado quer ser perfeito, de acordo com suas demandas específicas, exatamente agora. O Eu Verdadeiro sabe que não é possível e não sofre com isso.

É claro que você não é perfeito. O seu eu atual é um complexo de tudo que você é no momento. Naturalmente você possui o seu egocentrismo básico, mas caso o assuma, poderá lidar com ele, você pode aprender a compreendê-lo e, portanto, diminuí-lo com cada nova percepção então você realmente experimentará a verdade de que quanto mais egocêntrico se é menos confiante se pode ser. O Eu Idealizado crê exatamente o oposto. Suas exigências de perfeição são motivadas por razões puramente egoístas, e esse mesmo egocentrismo torna impossível a autoconfiança.

A grande liberdade de “voltar para casa”, meus amigos, é descobrir o caminho de volta para o seu verdadeiro ser. A expressão “voltar para casa” tem sido repetidamente empregada em literatura e nos ensinamentos espirituais, mas tem sido muito mal compreendida. Ela é comumente interpretada como o retorno para o Mundo Espiritual, depois da morte física, mas significa muito mais. Você pode passar por muitas mortes, uma vida terrena após outra; mas, se não tiver encontrado o seu Eu Verdadeiro você não poderá voltar para casa. Você pode estar perdido e permanecer perdido até que encontra o centro do seu ser. Por outro lado, você pode encontrar o seu caminho para casa exatamente aqui e agora, enquanto ainda permanece no corpo. Quando você reunir a coragem de ser o Eu Idealizado, vai descobrir que ele é muito mais. Então você terá a paz de estar em casa dentro de si mesmo; você vai encontrar a segurança. Então você atuará como um ser humano completo; você terá quebrado o látego de ferro de um capataz a quem é impossível obedecer. Então você saberá o que realmente significa paz e segurança. Você deixará, de uma vez por todas, de buscá-las por meios falsos.

Agora, meus queridos, recebam, cada um de vocês, o nosso amor, a nossa força e as nossas bênçãos. Fiquem em paz, fiquem com Deus.

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