Saudações e bênçãos são derramadas sobre vocês em uma grande e magnífica força espiritual que todos podem partilhar e assimilar, na medida em que se abrirem verdadeiramente para ela com suas mentes e seus corações.
Nesta palestra discutirei a consciência partindo de
uma abordagem nova e diferente. Talvez seja difícil para os seres humanos
compreenderem que a consciência permeia todo o Universo. A
consciência não depende apenas da personalidade de uma entidade. Ela
permeia tudo o que existe. A mente humana está condicionada a pensar na
consciência exclusivamente como um subproduto da personalidade, e mesmo a associá-la
exclusivamente ao cérebro. Isso não é verdade. Ela não requer uma forma
fixa. Cada partícula de matéria contém consciência, mas na matéria inanimada
ela está solidificada, da mesma maneira que a energia está petrificada nos
objetos inanimados. Consciência
e energia não são a mesma coisa; são, porém, aspectos interdependentes da
manifestação da vida. À medida que a evolução avança, essa condição estática
diminui, enquanto a consciência e a energia se tornam cada vez mais vibrantes e
móveis. A consciência
ganha em percepção; a energia ganha mais poder criativo para mover-se e gerar
formas.
Cada traço familiar à compreensão
humana, cada atitude conhecida da Criação, cada aspecto da personalidade é
apenas uma das muitas manifestações da consciência. Cada manifestação que ainda não está
integrada ao todo precisa ser unificada e sintetizada num todo harmonioso.
E necessário um salto da sua
imaginação para compreender o conceito que tento a transmitir aqui. Você pode
imaginar por um momento que muitos traços familiares, que você sempre esteve
certo só poderiam existir através de uma pessoa, não são a pessoa per se, mas
partículas livremente flutuantes e uma consciência genérica? Não importa se
esses traços são bons ou maus; por exemplo, tome o amor, a perseverança, a
indolência, a preguiça, a impaciência, a gentileza, a teimosia ou a maldade.
Todos eles precisam ser incorporados à personalidade que se manifesta. Só então
podem ocorrer a purificação, a harmonização e o enriquecimento da consciência manifesta,
criando as precondições para o processo evolutivo da consciência em unificação.
O ser humano é um conglomerado de
vários aspectos da consciência. Alguns já estão purificados. Alguns sempre
foram puros e, assim, fazem parte do indivíduo, formando um todo integrado.
Outros aspectos da consciência são negativos e destrutivos e, portanto,
separados, como apêndices. É tarefa de todo ser humano em cada encarnação
sintetizar, unificar e assimilar esses vários aspectos da consciência. Se
realmente tentar compreender o que digo aqui, você pode descobrir que essa é
uma forma nova de explicar a existência humana. Naturalmente que isso não se
aplica apenas ao nível da consciência humana, mas também a estados mais
elevados de consciência, nos quais o conflito não é mais tão severo ou
doloroso. A percepção ampliada dos estados mais elevados de consciência
facilita incomensuravelmente o processo de síntese. A dificuldade humana é a
falta generalizada de compreensão do que está acontecendo, a cegueira de muitas
das pessoas envolvidas no conflito e as suas deliberadas tentativas de
perpetuar a própria cegueira.
Na medida em que o conflito e a
tensão existem numa personalidade, nessa mesma medida os vários aspectos de consciência vão estar em
desacordo entre si. A entidade não se dá conta do significado do conflito e
tenta identificar-se com um ou com vários desses aspectos, sem saber qual ou o
que é o verdadeiro Eu. Onde está localizado? O que ele é? Como ele pode ser
encontrado no labirinto dessa discórdia? Você é o que pode ser? Ou é o que há de pior? Ou será você os muitos
aspectos que existem entre esses extremos? Quer as pessoas saibam ou não disso,
esse conflito e essa busca incessantes existem. Quanto mais consciente o
conflito, melhor, é claro. Qualquer caminho de autodesenvolvimento, mais cedo
ou mais tarde, deve chegar a um acordo com essas questões — com o profundo
problema da identidade.
É você quem integra
A identificação com
qualquer dos aspectos acima mencionados é uma distorção humana. Você não é nem
os seus traços negativos, nem a sua consciência superposta e autopunitiva, nem
mesmo os seus traços positivos. Ainda que tenha conseguido integrar estes
últimos na inteireza do seu ser, isso não é o mesmo que identificar-se com eles. É
mais exato dizer que você é aquela parte de si mesmo que realizou essa
integração, determinando, decidindo, agindo, pensando e querendo, de forma a
poder absorver no seu Eu o que antes era um apêndice. Cada aspecto da consciência
possui uma vontade própria, como sabem aqueles dentre vocês que trilham o
Pathwork. Enquanto você estiver cegamente envolvido no conflito
e, portanto, mergulhado nele, cada um desses vários aspectos por sua vez vai
controlá-lo, porque o Eu Verdadeiro que poderia determinar a identificação de
forma diferente ainda não encontrou o seu poder. O seu envolvimento cego o
escraviza e desativa a sua energia criativa. A ausência do senso de identidade
leva ao desespero.
Se a personalidade
acredita cegamente que nada mais é senão seus aspectos destrutivos, ela fica
envolvida em um tipo especial de batalha interior. Por um lado, haverá auto
aniquilação, autopunição e um ódio violento de si mesmo como reação à percepção
de que o seu Eu é apenas as suas partes negativas. Por outro lado, como pode
você realmente querer abandonar esses traços negativos, ou mesmo encará-los e
investigá-los verdadeiramente, quando acredita que eles são a única realidade
do seu ser? Você é atirado de um lado para o outro entre as seguintes atitudes:
“Eu tenho de continuar como sou, inalterado e sem avanços, pois esta é a minha
única realidade e eu não quero deixar de existir”, e “Eu sou tão terrível, tão
mau, tão desprezível que não tenho o direito de existir; portanto, preciso me
castigar, deixando de existir”. Como esse conflito é doloroso demais para ser
encarado quando se acredita que ele é real, toda a questão é posta de lado.
Então você leva uma vida à base
do “como se”, ou do fingimento, a qual por sua vez desloca o seu senso de
identidade para a Máscara. Você luta para não expor esse fingimento e também
para não o abandonar, uma vez que a única alternativa é o doloroso conflito que
acabei de descrever. Não é de admirar que os seres humanos possuam tanta
resistência. E, ainda assim, que desperdício isso é, pois nada disso é a
verdadeira realidade. Existe
um Eu Verdadeiro que não corresponde nem aos seus aspectos negativos nem à sua
férrea auto-aniquilação, nem ao fingimento que procura cobrir tudo. Sua
principal tarefa é descobrir esse Eu Verdadeiro.
Antes que o Eu Universal possa
manifestar-se plenamente em você, existe um aspecto dele que já está disponível
neste momento e que você pode compreender imediatamente: O seu Eu consciente no que tem
de melhor, tal como existe agora. Ele é uma manifestação presente limitada do
seu ser espiritual, mas ele é realmente você; ele é o “eu” do qual você
necessita para pôr ordem em toda a sua confusão. Essa consciência já
manifestada existe em muitos domínios da sua vida, mas você não lhe dá atenção.
Você ainda não o fez atuar nessa área de conflito na qual continua a ser
cegamente controlado por uma falsa identidade, ou antes, pelas suas consequências.
O “eu” que é capaz de tomar uma
decisão, por exemplo, de verdadeiramente encarar esse conflito e de observar
suas várias expressões é o ser com o qual você pode se identificar com
segurança. Na medida em que a personalidade desperta e adquire consciência de
si mesma, essas decisões e escolhas de atitude são possíveis. No sentido
oposto, na medida em que essas decisões e escolhas de atitude ocorrem, a consciência
desperta e se expande. A consciência imediatamente disponível de cada ser
humano vivo geralmente não é usada exatamente onde existem os maiores conflitos
e sofrimentos. O alcance total do seu poder não é colocado a
serviço desse conflito sobre a identidade. Quando a entidade começar a
fazê-lo sistematicamente, uma importante mudança ocorrerá e um novo estágio de
desenvolvimento será alcançado. Na medida em que o seu Eu consciente pode usar o conhecimento já
existente da verdade, o seu poder já existente para praticar a boa vontade, a
sua capacidade já existente para ser positivo, dedicado, leal, corajoso e
perseverante na luta para encontrar a própria identidade, e a sua capacidade já
existente de escolher com qual atitude deve lidar com o problema, exatamente
nessa medida a sua consciência se expande e toma-se cada vez mais permeada de
consciência espiritual.
A consciência espiritual não pode
manifestar-se quando a sua
consciência já existente não é plenamente usada na condução da sua vida. Quando
você pode usar a consciência já existente, nova inspiração, novos campos de
visão, compreensão e profunda sabedoria jorram das profundezas do seu ser. Mas
enquanto você segue a linha de menor resistência, cedendo ao envolvimento cego,
desistindo de encontrar a sua verdadeira identidade e conformando-se cegamente
a uma existência frustrada, você continua preso à velha rotina de reagir por
hábito e de justificá-lo levianamente. Você é complacente consigo mesmo e
admite um pensamento compulsivo, negativo, desesperadamente circular, e a sua
consciência presente não pode ser plenamente utilizada. Consequentemente, a
consciência não tem possibilidade de se expandir, nem pode transmutar e
sintetizar os aspectos negativos com os quais ela falsamente se identifica. Ela
tampouco pode introduzir aspectos mais profundos do Eu Espiritual. Enquanto os
valores existentes não são totalmente empregados, não existe a menor
possibilidade de realização de valores adicionais. Essa é uma lei da vida que
se aplica a todos os níveis do ser. É muito importante que se entenda isso,
meus amigos.
Quando você se identifica com um
ou mesmo com um grupo de aspectos e acredita que eles são você, você fica
mergulhado neles. Logo no início, quando comecei a fazer estas palestras, usei
os termos Eu Superior, Eu Inferior e Máscara Estes são
termos bastante sucintos que comportam, naturalmente, muitas subdivisões e
variações. Como uma estrutura conveniente de referência, pode-se classificar
certos aspectos como pertencentes a uma ou a outra dessas três categorias
básicas. A genuína
vontade na direção do bem, não é preciso dizer, é uma expressão do Eu Superior. Mas
existe também uma outra vontade para o bem que pode ser facilmente confundida
com a outra, embora não seja absolutamente a mesma. É a vontade de ser
bom em nome das aparências, em nome da negação dos aspectos inferiores, porque
o Eu consciente,
aquele que determina e escolhe, não assume o desafio de confrontar com os
aspectos negativos. Os aspectos demoníacos, destrutivos, são obviamente uma
expressão do Eu
Inferior. Mas a gigantesca culpa que ameaça punir esses aspectos
destrutivos com sua total aniquilação não é uma expressão do Eu Superior,
embora possa facilmente fazer-se passar como tal. Na realidade, ela é mais
destrutiva que a própria destrutividade. Ela nasce totalmente da falsa
identificação a que já nos referimos. Se você acredita que você é o seu
demônio, então não lhe resta escolha senão aniquilar-se; porém você tem medo do
aniquilamento e, por isso, agarra-se ao demônio. Se, todavia, observar o
demônio, você pode começar a se identificar com a parte de você que está
observando. Você jamais deve se esquecer de que ninguém está totalmente
envolvido nesse conflito; de outro modo, seria impossível elevar-se dele.
Existem muitos aspectos do seu ser nos quais você usa o poder do seu pensamento
criativo, nos quais você expande a sua mente e, assim, constrói criativamente.
Mas agora nós estamos concentrados naquelas áreas nas quais você não é
expansivo nem criativo.
Enquanto os seres humanos
continuarem incapazes ou, antes, não estiverem dispostos a reconhecer seus
aspectos destrutivos, inevitavelmente ficarão perdidos neles e, consequentemente,
não poderão atingir uma autoidentificação adequada. Embora o seu desejo de
esconder os aspectos destrutivos seja mais destrutivo do que seja o que for que
você queira esconder, ao mesmo tempo ele indica que você quer se livrar dessa
destrutividade. Assim, o desejo de escondê-la é uma mensagem do Eu Superior mal
colocada, mal compreendida e mal interpretada. É um modo errado de aplicar e interpretar
o anseio do Eu Espiritual. Agora, vamos analisar mais um pouco o modo
como o Eu consciente pode ser mais ativado e utilizado, de forma que você possa
expandi-lo e dar espaço para que a consciência espiritual se infiltre nele
deficiências aparentemente vergonhosas, viram como o reconhecimento de traços
negativos cria uma nova liberdade. Por que isso? A resposta óbvia é que o simples fato de você ter coragem e
honestidade para fazê-lo é em si mesmo um fator de alívio e de libertação. Mas
a coisa vai ainda além, meus amigos.
A mudança de identificação
Por meio do próprio ato de
reconhecimento, ocorre uma sutil porém distinta mudança de identificação. Antes
desse reconhecimento, você estava cego para alguns, ou mesmo para todos os seus
aspectos destrutivos, e era, portanto, inevitavelmente controlado por eles,
acreditando que eles eram você. Não lhe era possível sequer
reconhecer esses aspectos inaceitáveis porque você se identificava com eles. Mas no momento em que reconhece
o até agora inaceitável, você mesmo deixa de ser inaceitável; em vez disso,
você começa a se identificar com aquela parte de si mesmo que pode decidir e
decide fazer o reconhecimento. Então uma outra parte sua
assume o controle, a qual pode fazer algo a respeito desses aspectos, mesmo
que, para começar, possa apenas observar e tatear em busca de algum
entendimento mais profundo da dinâmica subjacente. Identificar-se com as
características desagradáveis é algo totalmente diferente de conseguir
identificar essas características em você. No momento em
que as identifica, você deixa de se identificar com elas e é por essa razão que
o reconhecimento do pior que existe na sua personalidade, depois de ter lutado
contra a resistência sempre presente para fazê-lo, tem um efeito tão libertador.
E isso vai ficar mais fácil ainda se você puder fazer claramente essa distinção.
No momento em que você identificar, observar e articular
claramente os seus aspectos destrutivos, você terá encontrado o seu Eu
Verdadeiro, com o qual a sua identificação pode ocorrer com segurança. O Eu Verdadeiro pode
fazer muitas coisas, e a primeira delas é o que você está fazendo agora:
identificar, observar e articular. Agora não é mais necessário
que você persiga a si mesmo tão impiedosamente com o seu ódio. Parece que não
há como evitar que você se odeie enquanto negligencia esse processo
importantíssimo de identificação com o Eu Verdadeiro, o qual tem também o poder
de reconhecer e adotar novas atitudes, sem um autojulgamento devastador. É
também possível julgar negativamente num espírito de verdade, mas são coisas
completamente diferentes acreditar que aquilo que você julga é a única verdade
do seu ser e perceber que a parte de você que pode reconhecer a presença da
destrutividade tem outras opções e está mais próxima da sua realidade. Como
é necessariamente diferente a sua atitude em relação a si mesmo quando percebe
que é destino dos seres humanos carregar consigo aspectos negativos com o
propósito de integrá-los e sintetizá-los. Isso abre espaço para a honestidade
sem desespero. Que dignidade lhe é conferida pela consideração de que você
assume essa importante tarefa em nome da evolução!
Ao chegar a esta vida, você traz consigo aspectos
negativos, com os objetivos acima mencionados. Existem certas leis
significativas que determinam quais aspectos você carrega. Cada ser humano
cumpre alguma imensa tarefa na escala universal da evolução. Essa
tarefa lhe confere grande dignidade, a qual é muito mais importante que o
sofrimento momentâneo que resulta do fato de você não saber quem você é. Só
quando, em primeiro lugar, assume responsabilidade pelos aspectos negativos é
que você é capaz de chegar à maravilhosa constatação de que você não é esses
aspectos, mas que carrega consigo algo pelo qual assumiu responsabilidade, com
um propósito evolutivo. Só então pode vir o próximo passo: a integração.
Os quatro estágios de percepção
Recapitulemos os quatros estágios
de percepção mencionados até aqui:
(1) o estágio semiadormecido, no qual
você não sabe quem é e no qual luta cegamente contra aquilo que odeia em si
mesmo — consciente, semiconsciente ou inconscientemente;
(2) o primeiro estágio do despertar, quando
você já é capaz de reconhecer, observar e expressar aquilo de que não gosta;
quando você é capaz de sentir que isso é apenas um aspecto de si mesmo e não a
verdade final e secreta a seu próprio respeito;
(3) a percepção de que o "eu" ou
Eu Verdadeiro que observa e articula também pode tomar novas decisões e fazer
novas escolhas, e pode procurar por opções e possibilidades até então nem
sequer sonhadas — não por um passe de mágica, mas experimentando
atitudes que antes eram totalmente negadas e ignoradas. Alguns exemplos de
novas atitudes são: estabelecer um objetivo positivo de autoaceitação sem
perder o senso de proporção; procurar por novos caminhos; aprender com os erros
e fracassos; recusar-se a desistir quando não obtém sucesso imediato; ter fé em
potenciais desconhecidos que se podem manifestar-se à medida que essas novas
posturas são adotadas pela consciência. A atitude de adotar os novos modos de
percepção de que a sua consciência é capaz neste exato momento leva diretamente
à
(4) compreensão, no seu devido tempo,
daqueles aspectos antes negados e odiados, o que significa dissolução e
integração. Simultaneamente, a consciência em constante expansão
funde-se com uma parte maior da realidade espiritual, que agora pode
desdobrar-se ainda mais. Esse é o significado da palavra purificação.
Na medida em que você vive a sua vida dessa maneira, a consciência genérica que
permeia o Universo toma-se menos fragmentada e mais unificada. Quando tiver
assimilado o que eu disse aqui, você vai compreender vários fatos fundamentais.
Antes de mais nada,
você verá a tremenda importância que existe em reconhecer os traços demoníacos
distorcidos.
Você assumirá plena
responsabilidade por eles, o que paradoxalmente irá libertá-lo da identificação
com eles. Você irá conhecer o seu Eu Verdadeiro e reconhecer que
esses aspectos negativos são apenas apêndices que você pode incorporar à medida
que os dissolve. Sua energia e natureza não distorcida, básica, pode tomar-se
parte da consciência que você manifesta.
Portanto, não importa quão
indesejável possa ser a realidade, você pode lidar com ela, aceitá-la,
explorá-la e deixar de ser atemorizado por ela. Essa capacidade de observar,
articular, avaliar e escolher as melhores atitudes possíveis para lidar com o que
é observado é o verdadeiro poder do seu Eu Verdadeiro tal como já existe neste
exato momento. Liberdade, descoberta e conhecimento de si mesmo são os
primeiros passos para perceber a grande consciência universal, divina, que
existe em você. Enquanto isso não é feito, sua consciência espiritual
mais íntima continua sendo um princípio, uma teoria e um potencial a ser
materializado apenas no futuro. Você pode crer nela com o seu intelecto, mas
não pode verdadeiramente concretizá-la dentro de si mesmo até que use a
consciência já disponível agora, mas que é deixada em desuso onde quer que os
seus assim chamados problemas existam. À medida que esses quatro estágios são
reconhecidos e trabalhados da maneira que eu esbocei nesta palestra, sua mente
consciente pode expandir-se o suficiente para absorver a sabedoria, a verdade,
o amor, a força de sentimento, a capacidade de transcender opostos dolorosos,
até então não manifestados e que irão enriquecer e reorientar a sua vida no
sentido de criar mais alegria e prazer.
O terror desaparece
No momento em que ocorre a autoidentificação,
desaparece um terror profundo e aparentemente infinito da alma humana. Em
geral, esse terror não é sentido conscientemente; se quando você se encontra no
limiar desses estados, fazendo a transição do estágio em que se encontra
perdido, cego e confuso acerca do que e de quem você é, para aquele em que tem
as primeiras fagulhas de identificação com o seu Eu Verdadeiro, é que você se
dá conta do terror. Esse é um período de transição que pode durar
semanas, ou muitas encarnações. Você pode esconder de si mesmo esse
terror ou pode encará-lo de frente. Quanto mais você se dispõe a encará-lo,
menos você demora para encontrar a saída. Ao escondê-lo, você não terá ganho
nada, pois o terror deixará suas marcas indeléveis na sua vida. Os medos
ocultos não são nem um átomo menos dolorosos e limitadores do que a verdadeira
experiência do terror. De fato, ocorre justamente o oposto.
O terror existe apenas porque
você não sabe que existe um você verdadeiro além daqueles aspectos que odeia.
Por causa desse terror, você hesita bastante em identificar até aquilo que
odeia. Enquanto lhe faltar coragem para inquirir se o seu medo é justificado ou
não, você não será capaz de descobrir que ele não tem razão e que você é muito
mais do que teme ser. A personalidade humana está com frequência a ponto de
querer dar esse passo. Mas esse ponto parece um precipício; portanto, você
hesita e prolonga uma falsa existência. Quando não se lida com esse ponto, o
terror permanece na alma; então é negado e reprimido — e o terror reprimido tem
outros efeitos adversos sobre a personalidade, que fica cada vez mais alienada
do seu verdadeiro núcleo.
Quando finalmente toma plena
decisão e assume o compromisso de encarar os seus medos, o terror desaparece e
você se dá conta de que pode descobrir quem é realmente. Você também descobre
que a vida é plena, rica, aberta e infinita. No momento em que você experimenta
a si mesmo como aquela parte que observa, e não como aquela que é observada,
não há mais necessidade de se aniquilar ou de limitar a sua identidade à
Máscara fraudulenta, ao demônio odioso ou ao egoísta mesquinho. Assim, a
identificação com o Eu Verdadeiro remove o terror do aniquilamento — não apenas
da morte, mas do aniquilamento, o que é diferente.
Vamos agora voltar à sua mente consciente tal
como ela é neste momento. Ela se encontra agora no estágio em que é capaz de
reconhecer e observar a personalidade, ou um aspecto dela, e tem muitas
escolhas. A atitude que você escolher em relação aos traços não desenvolvidos e
indesejáveis é a chave para expandir a sua consciência.
A expansão da consciência
Hoje em dia, ouve-se muita coisa sobre o conceito de
expansão da consciência. Acredita-se com frequência que seja esse um processo
mágico que ocorre de modo súbito. Não é assim. Para alcançar a
verdadeira consciência espiritual é preciso, primeiro, prestar atenção ao
material ainda não totalmente utilizado que existe no seu interior. Cada
minuto de depressão ou ansiedade, e cada atitude desesperançada, ou de qualquer
outro modo negativa, em relação a uma situação contém várias opções. Contudo, é
necessário um ato de vontade interior da sua parte para despertar as suas
forças adormecidas e torná-las disponíveis para você. Quando os potenciais já
existentes estão sendo usados, um poder muito maior de consciência espiritual
desdobra-se de forma gradual e orgânica.
As pessoas muitas vezes passam por várias práticas
espirituais e esperam por uma manifestação miraculosa da consciência maior,
enquanto a sua mente e o seu poder de raciocínio imediatos estão enredados nos
mesmos sentimentos, atitudes e pensamentos negativos. Elas
inevitavelmente ficarão decepcionadas ou se entregarão a fantasias. Nenhum exercício, esforço
ou esperança de intervenção de uma graça exterior podem proporcionar-lhes uma
verdadeira percepção e verdadeira manifestação do seu Eu Espiritual.
A energia criativa, inerente aos
pensamentos e aos processos de pensamento, é totalmente subestimada pela
maioria dos seres humanos. Por consequência, seus processos de criação e
recriação da vida são negligenciados. Fazer uso desse poder criativo é um
empreendimento desafiador e Você não é obrigado a reagir da maneira que o faz;
você tem à sua disposição muitas possibilidades de pensamento, de como
direcionar os seus pensamentos, processos de raciocínio e padrões de atitude
para um novo objetivo. Na proporção em que a identificação com o seu Eu Verdadeiro não
tenha ocorrido e em que você ainda esteja secretamente identificado com aqueles
aspectos que mais odeia e que, portanto, mais resiste em observar, nessa mesma
proporção a sua consciência é incapaz de lançar mão das suas opções e
possibilidades.
Quando começar a se questionar a respeito de qual atitude
escolher diante daquilo que você observa em si mesmo agora e que não lhe
agrada, você terá feito uma das mais importantes descobertas nesta fase atual
da sua evolução. Isso não requer uma atuação subliminar do mais
profundo Eu Espiritual. Significa simplesmente usar o que você já tornou
disponível no curso de séculos, de milênios de evolução.
Quais são as suas escolhas
à medida que você observa as atitudes e intenções destrutivas que existem no
seu interior? Você pode escolher entre ficar totalmente desalentado e desesperançado — que é o que
você tem feito até agora, sem que o perceba —, ou pode optar por pensar que é
impossível ser diferente, e que você é isso mesmo e nada mais. Pode também
optar por pensar que você tem o poder de efetuar uma mudança imediata e
drástica. Essa última atitude não é mais positiva que a primeira. De vez que se
encontra baseada em algo irreal, ela inevitavelmente leva à decepção e a uma
negatividade aparentemente ainda mais justificada. Desesperança irreal e
esperança mágica irreal são os dois extremos que levam a um círculo vicioso.
No entanto, será que não existem outras opções disponíveis? Não será
possível, com a sua mente tal como se encontra agora, escolher outras
modalidades? Diga: “É provável e previsível que eu esqueça e me veja novamente
envolvido pela velha cegueira e seus reflexos condicionados. Mas isso não
precisa me deter. Eu terei que lutar novamente e tatear sempre e sempre em
busca da minha chave. Mas eu posso fazê-lo, e o farei, e assim, gradualmente, reunirei novas
forças, novos recursos e novas energias. Não serei detido pelo fato de que a
construção de um belo edifício demanda paciência. Não
serei tão infantil a ponto de esperar que isso seja feito de uma só vez. Quero
usar, e usarei, todos os meus poderes para fazê-lo, mas serei paciente e
realista. Eu gostaria de ser guiado pelos poderes espirituais que existem em mim,
mas, se eu ainda não posso perceber a orientação porque no inicio dessa empresa
minhas energias são muito densas e minha consciência muito nublada, vou
confiar, esperar e perseverar. Quero dar o melhor de mim à aventura de viver.
Tentarei sempre identificar, observar e articular aquilo de que não gosto, sem
que me identifique com ele. Procurarei novas maneiras de compreender tudo isso,
até que algum dia eu cresça o bastante para encontrar a saída”.
Uma atitude como essa está à sua
disposição. Não é mágica; é uma escolha imediatamente disponível. Você pode
começar agora com a atitude que gostaria de observar e identificar, em vez de
ficar mergulhado naquilo que até agora você nem sequer queria reconhecer. Essas
e outras atitudes e opções existem em todos os dilemas e dificuldades
possíveis. Existe em você um conhecimento que pode ser aplicado ao que
observa. Caso você use esse conhecimento disponível, você expande o
conhecimento bem como a amplitude das suas atitudes e sentimentos.
Quanto mais você o fizer,
mais a consciência infinitamente maior e ilimitada do seu até agora submerso Eu
Espiritual vai se integrar à sua mente consciente, e ele vai tornar-se você. Como eu
já havia dito, isso acontece com mais facilidade num diálogo tríplice: o diálogo do Eu consciente
com os aspectos demoníacos, o diálogo da mente consciente com o Eu-Divino e o
diálogo entre o Eu-Divino e o Eu demoníaco ou Eu Inferior. Em
todas essas três possibilidades, ambos os lados falam e ouvem alternadamente,
como em qualquer conversa significativa. Portanto, quanto mais você percebe e
observa dessa maneira, mais fácil vai ficar o próximo salto: a tomada de
consciência da sua verdadeira identidade espiritual. Então você saberá
realmente que essa incrível, linda, ilimitada consciência é o verdadeiro você,
onde reside todo o poder e onde não há nada a temer.
Meus amigos, esta palestra,
como todas, requer um trabalho diligente do começo ao fim. Muito do material
aqui apresentado não pode ser absorvido de pronto, por ser de difícil
compreensão. Ele exige concentração da mente e boa vontade, e também o contato,
através da meditação, com reinos mais elevados de realidade e poder espirituais
para ajudá-los a absorver e pôr em prática o que eu disse.
Sejam abençoados, fiquem em paz,
fiquem com Deus.
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