Saudações, meus queridos amigos. Possam as bênçãos da inteligência criadora, que existe ao redor de vocês e dentro de vocês, fortalecê-los e esclarecê-los para que estas palavras ecoem em vocês e sirvam como material para ajudá-los a continuar com sucesso o caminho para encontrar o Eu Verdadeiro.
Muitos de vocês descobriram agora
dentro de si mesmos uma camada na qual estão face a face com a sua própria
destrutividade. E eu não me refiro apenas à descoberta de uma mera emoção, ao
reconhecimento de uma hostilidade momentânea; eu quero dizer, uma
destrutividade geral, penetrante, essencial e duradoura que tem estado
adormecida o tempo todo e simplesmente encoberta. Você está agora num estado no
qual pode se observar pensando, sentindo e agindo destrutivamente, enquanto
antes estava, na melhor das hipóteses, apenas teoricamente consciente dessa
destrutividade, e só podia imaginar sua presença pelas manifestações
desagradáveis na sua vida. Agora você está enfrentando o problema de como sair
dessa situação.
Você está confuso porque não
gosta de ser assim. Você até sabe e compreende muito profundamente que essa
condição é totalmente inútil e sem sentido, que a destrutividade não serve a
nenhum bom propósito. Contudo, você se vê na situação de ser incapaz de abrir mão
dessa destrutividade.
A natureza da destrutividade
Não é fácil alcançar uma
consciência na qual você pode se ver a si mesmo pensando, sentindo e agindo
destrutivamente; na qual está, além disso, consciente de que isso causa a sua
infelicidade, mas que é ainda totalmente incapaz de abandonar essa maneira de
ser. Eu diria que essa é uma grande medida de sucesso, se é que
essa palavra pode ser usada: estar consciente de que estamos nessa situação.
Mas, para realizar a segunda parte dessa fase da sua evolução, isto é, para
abandonar a destrutividade, a natureza dessa destrutividade tem que ser bem
compreendida.
Todo o problema humano relativo
ao conceito dualista da vida tem muito a ver com a falta de compreensão da
humanidade a respeito de sua própria destrutividade. Os seres humanos
estão atrelados ao pensamento de que uma força destrutiva tem que ser algo
oposto a uma força construtiva. Mesmo aqueles dentre vocês que
teoricamente sabem muito bem que não existe essa divisão tendem a pensar: “Aqui
estão os meus sentimentos negativos. Eu gostaria de ter sentimentos positivos
no seu lugar”. Ou você pensa que, depois de terem sido dissipadas
as emoções negativas, um novo conjunto de sentimentos surgirá como se esses
novos sentimentos consistissem de uma energia ou de um material psíquico
inteiramente diferente. Quando você fala das duas forças, dos dois grupos de
sentimentos, isso é uma mera figura de linguagem, uma maneira de expressar dois
tipos diferentes de experiências. Contudo, essa figura de linguagem é uma
expressão da concepção errônea, dualista, que opera dentro de toda a
consciência humana.
Na realidade, existe apenas um poder. É muito
importante que se entenda isso, meus amigos, particularmente quando é o momento
de lidar com a sua própria destrutividade e negatividade. Existe apenas uma força
vital que energiza cada expressão da vida. Essa mesma
força vital pode fluir de forma construtiva, positiva, afirmativa, ou pode
tornar-se uma corrente destrutiva, cheia de negação. Para entender esse
processo de modo específico e pessoal, discutirei o mesmo do ponto de vista de
um indivíduo analisando a sua própria vida. Eu não vou pronunciar aqui um
discurso sobre princípios espirituais gerais; vou apenas tocar neles quando
necessário para a compreensão de todo esse tópico. Primeiro, repetirei que a
força vital enquanto tal, quando não adulterada, é totalmente positiva e
afirmativa. Portanto, ela produz total prazer para qualquer
consciência viva, sensível ou perceptiva. Quanto mais desenvolvida essa
consciência, mais pleno o prazer que ela pode experimentar a partir e através
da pura força vital, em qualquer modo que esta possa achar expressão. Todo
o organismo vivo – um bebê recém-nascido, uma planta, uma célula – tende a
realizar essa potencialidade da natureza. Quando esse fluxo natural sofre
interferência, a corrente energética em busca de expressão é bloqueada e
impedida de fluir para o seu destino; o fluir natural é barrado por
dificuldades. Estas podem ser internas ou externas – ou ambas. Quando
crianças pequenas encontram no ambiente externo condições que proíbem o fluxo
natural da força vital, a extensão do dano depende de quão livres elas estejam
de bloqueios internos. Se existem bloqueios internos que jazem latentes, porque
não foram eliminados em existências anteriores, as condições externas negativas
criarão um forte bloqueio, congelando a corrente de energia fluente e
petrificando-a numa massa psíquica e endurecida. Quando não existem bloqueios
anteriores, as condições negativas externas criarão apenas uma perturbação
temporária no fluxo de força vital. Os problemas persistentes que as pessoas
tem na vida resultam dessa energia bloqueada. O desbloqueio só pode ocorrer
quando a relação entre as condições negativas internas e externas, responsáveis
pelo bloqueio, é plenamente compreendida. As faculdades do Eu/Ego imaturo da
criança tornam impossível que ela lide adequadamente com a condição negativa.
Uma condição negativa externa pode, portanto, jamais ser totalmente responsável
pela condensação de energia e pela paralisia do fluxo vital. Ela só pode ser o
fator ativador final, trazendo à cena a condição negativa interior, que se
encontrava em estado latente.
O local da alma no qual as
condições negativas externas ativam a condição negativa interna latente é o
mesmo ponto no qual a força vital positiva torna-se uma força destrutiva não
vital. Os sentimentos passam de amor para medo e hostilidade; de
confiança para desconfiança, e assim por diante. Finalmente, o poder negativo
torna-se tão insuportável que os sentimentos ligados a ele ficam completamente
entorpecidos.
Quando seres humanos estão
num caminho de autorreconhecimento, é muito importante que eles compreendam especificamente
que uma emoção negativa não pode ser substituída por uma emoção positiva
diferente. Ela deve ser reconvertida ao seu estado
original. Como fazer isso, meus amigos? Cada pessoa deve encontrar o modo de
reconverter-se esse fluxo de energia ao seu estado original. Cada
manifestação desagradável, problemática ou geradora de ansiedade experimentada
por vocês é o resultado da repetição do evento original desta vida, no qual a
força positiva do prazer foi bloqueada, impedida ou proibida e, portanto,
transformou-se em desprazer.
O prazer da negatividade
Agora, não se pode afirmar com
exatidão que o prazer está totalmente ausente desse desprazer. Quando você está
bloqueado no seu esforço para superar a negatividade, é extremamente importante
sentir profundamente em si mesmo o aspecto prazeroso dessa negatividade, sem se
importar com quanta dor você sente na sua consciência superficial. A
dificuldade em se ver livre da destrutividade é, naturalmente, devida também a
outras razoes que você já verificou: a vontade de punir ou de usar a corrente
de força que diz: “Se eu for suficientemente infeliz, isso mostrará ao mundo que
é errado não me dar aquilo que eu quero”. Mas essas razões não constituem a
dificuldade mais profunda quanto à dissolução da negatividade. É preciso
sentir intuitivamente, e então sentir muito especificamente, que na sua
negatividade, paradoxalmente, tanto o prazer quanto o desprazer estão presentes
ao mesmo tempo.
Isso é muito compreensível quando
você olha para o processo nos termos da explicação que eu dei. O
princípio de prazer não pode jamais estar completamente ausente, mesmo que ele
apareça na sua forma distorcida. Seus ingredientes básicos sempre
permanecem, não importa quão difícil seja detectar a natureza da corrente
vital. É precisamente por isso que a negatividade parece tão difícil de
transformar. Seu aspecto de prazer sempre existe. Quando se compreende que
apenas a forma de expressão tem que ser modificada, de modo que a corrente
vital idêntica possa reconverter-se, a negatividade pode ser deixada para trás.
Quando você tiver entendido que os aspectos dolorosos da expressão negativa podem
ser abandonadas, enquanto os aspectos prazerosos ficam mais fortes, a
negatividade pode se transformar. Quando você entender que um novo conjunto de
emoções não virá do nada, mas que a mesma corrente vai se manifestar de forma
diferente, então o que parece difícil vai acontecer por si mesmo.
Quando você meditar sobre isso,
vai se tornar possível para você ficar consciente do prazer ligado à sua
destrutividade. Em lugar de se sentir culpado em relação a esse prazer e, consequentemente,
reprimi-lo, você estará em posição de permitir que a corrente destrutiva se
desdobre, expresse e reconverta a si mesma. A ligação ou conexão entre prazer e
destrutividade tem sido um fator ativo na culpa generalizada que os seres
humanos sentem a respeito de todas as experiências de prazer. Isso, por sua vê,
pode ser responsabilizado pelo entorpecimento de todos os sentimentos. Pois,
como pode o prazer ficar livre da destrutividade se ambos são considerados
igualmente errados? E, contudo, os seres humanos não podem viver
sem prazer são uma e a mesma coisa. Quando o prazer está ligado à
destrutividade, esta não pode ser abandonada; é a de que se está abandonando a
própria vida. Isso gera uma situação na qual, no nível da sua vida interior,
você se apega igualmente ao prazer e a destrutividade, sentindo-se culpado e ao
mesmo tempo temeroso de ambos. Num nível consciente mais superficial, você está
entorpecido e pouco ou nada sente.
Não é suficiente saber disso de
forma genérica; o conhecimento tem que ser trazido de volta para as suas
circunstâncias específicas. Qual é, neste momento, a manifestação externa que
lhe causa angústia contínua? Ela não é uma experiência momentânea causada por
uma situação passageira, que então se dissolve quando novas situações surgem.
Não, esses são os problemas na sua vida com os quais você não pode chegar a um
acordo. Para resolver verdadeiramente essas condições que chamamos de imagens e
que recriam para sempre condições semelhantes e novas situações, a energia
bloqueada e paralisada tem que se tornar fluida novamente. E isso só pode
ocorre quando você começa, como primeiro passo nesta fase particular do seu
desenvolvimento, a identificar o aspecto de prazer na sua destrutividade. Você
tem que sentir o prazer ligado ao desprazer do problema.
A energia sexual bloqueada
Uma vez que a corrente de prazer
de energia vital se manifesta primariamente em você naquilo que chamamos de
sexualidade, a energia destrutiva e bloqueada contém energia sexual bloqueada.
Segue-se que os problemas externos devem ser simbólicos ou representativos de
como a energia sexual foi a princípio bloqueada por condições externas. A dor
desse bloqueio causou a destrutividade que, ao mesmo tempo, contém aspectos do
princípio do prazer. Portanto, cada situação difícil na vida representa uma
fixação sexual na psique mais profunda da qual você foge por temê-la. Por não
enfrentar esse fato e continuar a viver com ele, as condições externas
tornam-se insolúveis; você fica mais e mais alienado da causa interna naquele
ponto onde ela é ainda vivificada pelo aspecto de prazer.
Você, que segue este “Trabalho
do Caminho” , deve portanto voltar ao seu interior, por
assim dizer, e permitir a si mesmo sentir o prazer da destrutividade. Só então
você vai realmente compreender a situação dolorosa exterior que, à primeira
vista, pode não ter nada a ver com a sua vida emocional ou com quaisquer
problemas sexuais. Eu tenho dito, com frequência, que nas suas fantasias
sexuais mais secretas jazem os segredos dos seus conflitos, bem como a chave
para a sua solução. Quando encontrar o paralelo entre o problema
externo e a corrente de prazer na sua sexualidade, você será capaz de
fluidificar novamente a energia congelada. Isso vai torná-lo capaz de dissolver
a negatividade e a destrutividade, e isso, naturalmente, é essencial para a
eliminação do problema exterior na sua vida.
Sua incapacidade em sentir
o prazer no desprazer é o resultado da sua luta contra si mesmo e do fato de
não gostar de si mesmo por causa dessa distorção específica. Consequentemente,
existe negação, repressão e mais alienação do núcleo onde essas condições ainda
podem ser experimentadas e gradualmente alteradas. Todo problema tem,
necessariamente, esse núcleo onde a corrente original foi bloqueada e está
portanto distorcida, e onde a dicotomia prazer/desprazer produz uma fixação
inconsciente da experiência de prazer numa situação negativa. Você então luta
contra isso por uma série de razões, com a consequência adicional de que os
problemas externos começam a formar-se e, então, sempre se repetem. Eles não
podem ser superados até que esse núcleo seja experimentado. Isso se aplica a
todos os problemas, quer pareçam ou não ter algo a ver com a sexualidade.
Tudo isso pode parecer muito
teórico se você ainda estiver longe desse ponto, mas no futuro ele pode ser um
divisor de águas na sua vida interior e, consequentemente, na sua exterior,
depois do qual não será mais um problema abandonar a destrutividade, pois
ninguém pode ser bem-sucedido forçando-a para longe com a sua vontade
superficial, sem uma profunda compreensão das forças internas que constituem
essa mesma destrutividade. Sim, a vontade deve, é claro, estar presente em
princípio, mas ao mesmo tempo, como eu disse em tantos outros contextos, a
vontade exterior só deve ser usada para o propósito de liberar os poderes
interiores que tornam o desenvolvimento um processo natural, orgânico e harmonioso.
Assim, a destrutividade dissolve-se a si mesma. Ela não é atirada fora
deliberadamente como um manto, nem os sentimentos construtivos são produzidos
por um ato voluntário semelhante. Esse é um processo evolutivo dentro de você,
exatamente aqui e agora.
Alguma pergunta?
PERGUNTA: O que
torna a percepção do prazer tão única e específica em relação ao desprazer? RESPOSTA: É sabido que você teme o prazer quando
ainda está cheio de conflitos e problemas cuja natureza você não compreende.
Qualquer um de vocês que estão no “Trabalho do Caminho” que vá
fundo o bastante para sondar as suas reações descobre este fato espantoso: vocês têm mais medo do
prazer do que da dor. Vocês que não verificaram esse fato em si
mesmos podem achar isso inacreditável, pois conscientemente se ressentem do
desprazer não pode realmente ser desejado.
Você não pode resolver essa dicotomia, a
menos que mergulhe fundo dentro dos seus processos psíquicos para sentir prazer
no desprazer.
O prazer total é temido por uma
razão muito importante: o prazer supremo da corrente cósmica de energia parece
inevitavelmente insuportável, assustador, esmagador, e quase aniquilador quando
a personalidade ainda está ligada à negatividade e à destrutividade. Em outras
palavras, na medida em que a personalidade comprometeu sua integridade e ainda
existe impureza, desonestidade, engano e malícia na psique, o puro prazer
necessariamente será rejeitado. Portanto, a forma negativa é o único meio pela
qual a entidade pode experimentar pelo menos um pouco de prazer. Quando
você, que está nesse “Trabalho do Caminho”,
descobre que bem no fundo de si mesmo tem o prazer como um perigo, deve
perguntar-se: “Em que ponto eu não sou honesto com a vida ou comigo mesmo? Onde
eu trapaceio? Onde eu prejudico a minha integridade?” Essas áreas mostram
precisamente onde, porque e em que grau o puro prazer tem que ser rejeitado. Quando você comprova para si
mesmo que teme e rejeita o prazer e que não é a vida que o priva dele, você
pode fazer algo a respeito, fazendo a si mesmo as perguntas pertinentes e,
depois, identificando os elementos de bloqueio. Essa é a saída.
Quando descobre onde você viola o seu próprio senso de decência e honestidade,
você pode destrancar a porta que fechou seu acesso à transformação do prazer
negativo e o forçou a rejeitar o prazer que não é estorvado pela dor.
Possa o seu entendimento crescer
de forma que você sinta as suas próprias distorções e o modo como elas são uma
valiosa energia vital que pode ser ativada da maneira específica que mostrei
aqui.
Abençoados sejam, cada um de
vocês; recebam a força e o poder que fluem na sua direção. Façam uso deles,
trilhem esse Pathwork para o próprio núcleo do seu Ser Interior. Fiquem com
Deus.
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