Abençoada é esta hora; bênçãos para todos vocês, meus queridos amigos. Toda personalidade, no curso de uma vida, normalmente no início da infância, com frequência até mesmo quando bebê, forma certas impressões devidas a influências do ambiente ou a experiências inesperadas e repentinas. Tais impressões são geralmente baseadas em conclusões formadas pela personalidade. Na maioria das vezes, elas são conclusões erradas. Uma pessoa vê e passa por um infortúnio, por uma agrura inevitável da vida e então generaliza esses acontecimentos em convicções. As conclusões formadas não se baseiam na reflexão; elas são mais da natureza de reações emocionais, atitudes gerais em relação à vida. Elas não são completamente desprovidas de um certo tipo de lógica, mas esta é de uma espécie muito limitada e errônea. Com o passar dos anos essas conclusões descem mais e mais para o fundo do inconsciente, moldando em certa medida a vida da pessoa em questão.
Nós chamamos cada uma dessas
conclusões de imagem. Você talvez diga que uma pessoa poderia também ter uma
imagem positiva, saudável, gravada na alma. Isso é verdadeiro apenas até certo
ponto, porque onde não foi produzida uma imagem errada, todos os pensamentos e
sentimentos estão em movimento, flutuando; eles são dinâmicos; são flexíveis.
Porque o Universo como um todo é invadido por um número de forças divinas e de
correntes de energia. Os pensamentos, sentimentos e atitudes não ligados a uma
imagem que fluem em harmonia com essas forças e correntes divinas, adaptando-se
espontaneamente à necessidade imediata e mudando de acordo com a necessidade de
cada momento e situação. Mas as formas de pensamentos e sentimentos que emanam
das imagens são estáticas e congestionadas. Elas não se submetem e mudam de
acordo com as diferentes circunstâncias. Assim, elas criam desordem. As
correntes puras que fluem através de uma alma humana são perturbadas e
distorcidas. Há um curto-circuito.
Essa é a maneira como nós o
vemos. O modo como vocês o vêem e sentem é através da infelicidade, da ansiedade
e da perplexidade diante de muitos eventos aparentemente inexplicáveis. Por
exemplo, você percebe que não pode mudar o que quer mudar ou que certos
acontecimentos na sua vida parecem repetir-se regularmente sem uma razão óbvia.
Esses são apenas dois exemplos; existem muitos outros.
As conclusões erradas que formam
uma imagem são formadas pela ignorância e com um conhecimento parcial e,
portanto, não podem permanecer na mente consciente. À medida que a
personalidade cresce, o novo conhecimento intelectual contradiz o velho
“conhecimento” emocional. Portanto, a pessoa enterra o conhecimento emocional,
até que ele desaparece do campo de visão consciente. Quanto mais este é
escondido, mais forte ele se torna. Com frequência, você não compreende o que
faz reter uma tal impressão, a partir da qual formou uma conclusão errônea; seu
intelecto, sua mente como um todo, cresceu, foi modificado pelo que você
aprendeu, pelo seu ambiente e pela experiência de vida, contudo, enquanto sua
imagem permanece viva, você, num nível emocional mais profundo, não mudou.
Num certo momento de sua
infância. Você sofreu um choque. Quando você pensa num choque, imagina logo uma
experiência repentina com um impacto muito forte e inesperado, como um
acidente. Mas um choque pode também acontecer, particularmente para uma
criança, numa descoberta gradual de que as coisas são o contrário das
expectativas mais queridas e acariciadas. Por exemplo, uma criança vive com a ideia
de que seus pais são perfeitos e onipotentes. Quando surge a percepção de que
não é assim, ela vem como um choque, embora essa percepção comumente possa vir
como uma série de eventos até que a nova descoberta torne a sua impressão
duradoura.
Quando uma criança descobre que
os seus conceitos até então aceitos a respeito dos pais, ou do mundo como tal,
não são verdadeiros, ela perde a segurança. Ela fica assustada. Ela não gosta
da descoberta e irá, por um lado, repetir esse conhecimento desagradável para o
subconsciente porque se sente culpada e, por outro lado, construirá defesas
contra essa “ameaça”. Quer tenha ocorrido repentinamente ou numa
conscientização lenta, essa ameaça é o choque ao qual nos referimos.
Todos vocês sabem que o choque
causa entorpecimento. O seu corpo, bem como os seus nervos e a sua mente, ficam
entorpecidos a ponto de perder a memória temporariamente ou apresentar outros
sintomas. Assim a criança experimentará um choque porque os pais, o mundo, a
vida, não são do modo que ela pensava que eram. Embora a impressão que criou o
choque possa ser objetivamente correta, ainda assim a dedução que a criança é
capaz de fazer fatalmente será incorreta. Porque as crianças tendem a
generalizar, elas projetam as suas próprias experiências sobre todas as outras
alternativas. Os pais de uma criança são o seu mundo, o seu universo, e
portanto o que a criança conclui após o choque deve ser aplicado a todas as
outras pessoas, à vida em geral. Essa aplicação generalizada é a conclusão
errônea que cria a imagem.
A imagem foi criada quando o
mundo e os conceitos ordenados da criança foram destruídos. As conclusões
errôneas derivam, em primeiro lugar, da generalização. A realidade é que nem
todas as pessoas têm as mesmas limitações que os pais: nem todas as condições
de vida são semelhantes àquelas que a criança descobre no seu próprio ambiente.
Em segundo lugar, o mecanismo de defesa que a criança escolhe com uma
compreensão limitada do mundo é errado em si mesmo; e ele o é ainda mais quando
aplicado a pessoas e situações outras que não aquelas do ambiente infantil. Esses,
meus amigos, é o modo como as imagens são criadas. Mas você não se
recordará espontaneamente das suas emoções, reações, intenções interiores e das
suas conclusões. Você não pode recordar-se delas porque sentiu a necessidade de
esconder todo esse procedimento pela sua falta de lógica racional e também
porque sentia vergonha pelo fato de seus pais não serem o que você pensava que
eles deviam ser.
Na sua mente infantil você
presumiu que o seu caso era singular. Todo mundo tinha pais perfeitos,
perfeitas condições familiares, e só você experimentava essa singularidade
chocante que tinha que ser escondida de todos, até de você mesmo,
bem como, é claro, dos seus pais e de outra pessoas próximas. A vergonha
originou-se da ideia equivocada de que o seu caso era único, e todo o processo
emocional tinha que ser escondido por causa da vergonha.
Quando esses processos permanecem
escondidos, parte da sua personalidade não pode crescer. Se uma planta é
deixada na terra com as suas raízes cortadas, ela não pode crescer. O mesmo se
dá com cada com corrente ou tendência emocional. Portanto, você não deve ficar
surpreso ao descobrir que as suas imagens-conclusões não se conformam
absolutamente à sua inteligência adulta.
Um bebê ou uma criança muito
pequena conhece apenas as emoções mais primitivas; conhece o amor e o prazer,
quando a sua vontade é satisfeita; conhece ódio, ressentimento e dor quando
isso não acontece. É simples assim. Só mais tarde é que ela aprende a avaliar
objetivamente, em vez de dar ouvidos à sua própria dor ou prazer.
Enquanto a sua imagem
vive, você continua no procedimento infantil porque, neste aspecto, a sua mente
permanece infantil, não importa o quanto o resto de sua personalidade tenha
progredido e aprendido. A sua personalidade desenvolvida é capaz de
julgar de forma madura no nível intelectual e, em alguns casos nos quais nenhuma
corrente ligada a imagens obstrui a sua percepção, até mesmo emocionalmente. Porém,
onde essa impressão chocante lenta ou repentina afetou a alma, não se assimila
a experiência conscientemente e, portanto, a mente permanece infantil; ela
permanece no estado em que estava quando as imagens-conclusões foram formadas e
mandadas para o inconsciente. Consequentemente, uma parte de um
ser maduro, em outros aspectos permanece imatura. Na verdade, essa
parte continua a fazer as mesmas deduções que a criança fez, de forma emocional
e inconsciente, enquanto a imagem não é levada para a consciência.
Por exemplo, imagine uma
menininha que chora quando quer atenção; a mãe, porém, imagina que atender
quando a criança chora vai “estragá-la”. A criança aprende que a mãe não vem
quando ela chora, mas ela vem em outros momentos, aparentemente não
relacionados com o seu choro. Portanto, é tirada a seguinte conclusão: “Para
ter a minha necessidade atendida, eu não devo mostrar que a tenho”. Ora, com
essa mãe em particular, não mostrar as necessidades pode ser uma boa
estratégia. Mas quando a garotinha se tornar mulher, é mais provável que essa
estratégia produza o resultado oposto. Uma vez que ninguém saberá que ela tem
uma necessidade específica, ninguém dará a ela o que precisa. Todavia, uma vez
que ela é completamente ignorante da sua “imagem”, porque esta submergiu há
muito tempo atrás no seu inconsciente, ela passará pela vida sem entender por
que é tão frustrada. Ela não sabe que age de tal forma que a vida parece confirmar
a sua crença errônea.
Será que eu tenho uma imagem?
Como você pode estar certo que
uma imagem assim existe no seu interior? Uma indicação é que você não consegue
superar certas falhas, não importa o quanto tente. Por que as pessoas amam
alguns dos seus defeitos? Elas o fazem pela simples razão de que uma imagem faz
com que certos defeitos pareçam uma maneira de proteger-se da dor. Por exemplo,
uma pessoa sabe que é preguiçosa; mas ela pode não saber que a relutância de
sair da cama e sair para o mundo é uma proteção erroneamente concebida contra a
possibilidade de ser ferida. “Se eu permanecer na cama, ninguém pode me ferir”,
pode ser o raciocínio inconsciente. Portanto, uma imagem está no fundo dessa
atitude.
Outro sinal seguro da existência
de uma imagem é a de certos incidentes na vida de uma pessoa. Uma imagem sempre
forma um padrão de comportamento ou reação de uma maneira ou de outra; ela
também atrai um padrão de ocorrências exteriores que parecem surgir sem que
você faça nada para produzi-las. Conscientemente, a pessoa pode desejar
ardentemente algo que é exatamente o oposto da imagem, porém o desejo
consciente é o mais fraco dos dois, uma vez que o inconsciente é sempre mais
forte. A mente inconsciente não percebe que ela impede a realização do mesmo
desejo que a pessoa tem conscientemente mas não pode realizar, e que o preço
por essa pseudoproteção inconsciente é a frustração do desejo legítimo. É muito
importante que isso suja compreendido, meus amigos. É de igual importância
entender que os eventos externos – certas situações, certas pessoas – podem ser
atraídas como um imã para uma pessoa por conta de imagens interiores como
essas. Isso pode ser difícil de perceber, mas é assim. O único remédio consiste
em descobrir qual a imagem, em que base ela está formada e quais foram as
conclusões erradas.
Com frequência vocês não percebem
a repetição e o padrão nas suas vidas, meus amigos. Vocês apenas passam por
cima do óbvio. Estão acostumados a presumir que certos eventos são
coincidências, ou que algum destino os está testando arbitrariamente, ou que
outras pessoas à sua volta são responsáveis pelos seus repetidos infortúnios.
Como consequências, você presta mais atenção às ligeiras variações de cada
incidente do que ao seu caráter básico, e falham em notar o denominador comum
de todos os acontecimentos devidos à sua imagem.
A maioria dos psicólogos descobriu esses padrões e
conclusões errôneas. O que eles em geral não sabem é que essas imagens
raramente foram iniciadas nesta vida, não importa o quão cedo elas foram
formadas. Na maior parte do tempo uma imagem é muito
antiga, sendo carregada de uma vida para outra. É por isso que incidentes que
não formarão imagens em uma criança ou em uma pessoa que está livre desse
conflito em particular colaborará para formar uma imagem em alguém que trouxe
essa imagem para esta vida.
Quando existem imagens de vidas
anteriores, a encarnação ocorre num ambiente que deve criar provocações às
imagens presentes, talvez por meio de imagens correntes semelhantes nos pais ou
em outras pessoas que cercam a criança em crescimento. Só assim a imagem
emergirá novamente; só quando ela se torna um problema é que a pessoa vai
prestar-lhe atenção, em lugar de desvias o olhar. Se a imagem é ignorada, as
circunstâncias ficarão muito difíceis na próxima vida na terra, até que os
conflitos se tornem tão avassaladores que fatores externos não mais possam ser
considerados culpados. Então a pessoa começa a voltar-se para dentro.
A única solução é tornar conscientes as imagens. Eu lhe dou pistas de
como começar, mas você não será capaz de colocá-las em prática completamente
sozinho. Vai precisar de ajuda. Mas, se existir seriedade
no seu desejo de encontrar e dissolver as imagens na sua alma, mais ajuda e
orientação irão chegar e você será conduzido à pessoa adequada, com a qual
poderá formar uma organização cooperativa de trabalho. Para fazê-lo, precisará,
entre outras coisas, de humildade, essencial para o seu desenvolvimento
espiritual. A pessoa que está continuamente relutando em trabalhar com outra
tem necessariamente falta de humildade, mesmo que seja apenas nesse aspecto
específico.
Como procurar imagens
Então, como é possível localizar
as suas imagens pessoais? Você não o fará trabalhando nos sintomas, quaisquer
que possam ser, antes porém, trabalhando com os sintomas. Esses sintomas são a
sua incapacidade para superar certas falhas e atitudes; a sua falta de controle
sobre certos eventos da sua vida que se repetem e criam um padrão; os seus
medos e resistências em ocasiões específicas, para citar apenas alguns. Quanto
mais você tenta eliminar os sintomas sem que tenha compreendido suas raízes e
origem, mais vai se exaurir em esforços inúteis. Os sintomas são apenas uma
parte do preço que você paga por suas conclusões interiores errôneas e
ignorantes.
Comece a busca das imagens
recapitulando a sua vida para localizar todos os problemas. Anote-os. Inclua
problemas de todos os tipos. Você precisa se dar ao trabalho de descrever tudo
concisamente, preto no branco, pois se apenas pensar a respeito, não terá a
visão geral necessária para comparação. Esse trabalho escrito é essencial.
Certamente que não é pedir demais. Você não tem que fazê-lo todo em um único
dia; faça com calma, mesmo que leve alguns meses. É melhor ir devagar do que
simplesmente não começar.
Então, quando você tiver pensado
em todos os seus problemas, grandes e pequenos, mesmo os mais desprovidos de
sentido, os mais insignificantes, comece a procurar pelo denominador comum.
Você vai constatar, na maioria dos casos, a existência de um denominador comum,
às vezes mais de um. Eu não digo que uma dificuldade não possa ocorrer apenas
uma vez na sua vida, independente de qualquer imagem interior. Isso é possível.
Esse fato também baseia em causa e efeito, como tudo no Universo, mas pode não
estar ligado à sua imagem. Seja, porém, cauteloso. Não ponha uma ocorrência de
lado superficialmente, considerando-a sem conexão com a sua imagem pessoal
simplesmente porque assim lhe parece à primeira vista. É bem possível, e até
provável, que não existam esses acontecimentos na sua vida. Todas as experiências
desagradáveis são provavelmente devido à sua imagem e relacionadas com ela,
mesmo que de alguma maneira remota.
O denominador comum pode não ser
fácil de achar. Só depois que você tiver compreendido as suas imagens é que
estará em posição de julgar quais de suas experiências, se alguma, tem algo a
ver com ele. Até então você deve manter esse julgamento em reserva, por assim
dizer. Medite, investigue a si mesmo com seriedade, verificando suas reações
emocionais no passado e no presente, e com ajuda da prece, depois de uma longa
e árdua busca, você irá descobrir qual é o denominador comum.
Não descarte algo apressadamente
por não lhe parecer relacionado com o resto. Sonde, e você talvez tenha uma
surpresa. Os eventos aparentemente mais díspares terminam por ter um
denominador comum. Quando você o tiver encontrado, terá dado um importante
passo à frente na sua busca, porque então possuirá um indício que conduz à sua
imagem. Para chegar à imagem em si, a todos os caminhos tortuosos através dos
quais ela foi formada e à compreensão da sua reação quando você a formou, será
necessário explorar o seu inconsciente de forma mais completa.
Os benefícios da dissolução das
imagens
Não se deixe dissuadir por sua
própria resistência interna, pois esta é tão errônea e míope quanto a própria
imagem. A força que faz com que você resista é exatamente a mesma que criou a
imagem, logo de início; sem que você saiba, ela criou e continuará a criar
infelicidade em sua vida e vai contrariar os seus desejos conscientes. Na verdade,
ela faz com que você perca, ou nunca obtenha, aquilo que podia ser seu por
direito. Portanto, tenha sabedoria o bastante para ver através disso e para
avaliar a sua própria resistência pelo que ela realmente vale. Não se deixe
governar por ela.
Como você pode ser uma pessoa
espiritualizada, uma pessoa desenvolvida e desprendida no bom sentido, se
continua sendo governada pelas suas forças inconscientes e por aquelas
conclusões ilógicas, errôneas e ignorantes que formaram uma imagem tão dolorosa
no seu interior? A imagem é o fator responsável por toda a sua infelicidade.
Ninguém mais é responsável por ela, senão você mesmo. É verdade que você não
sabia de nada antes, mas agora sabe.
Você está agora equipado para
eliminar a fonte da sua infelicidade; e, por favor, não diga: “Como posso ser
responsável por outras pessoas agirem de uma certa maneira, repetidamente, em
relação a mim?” Como eu disse antes, é a sua imagem que atrai esses
acontecimentos em sua direção, de forma tão inevitável como a noite segue o dia
nesta Terra. É como um imã, como uma lei química, como a Lei da Gravidade. Os
componentes da sua reação que formam a imagem influenciam as correntes
universais que penetram a sua esfera pessoal de vida de maneira tal qual certos
efeitos devem ocorrer, de acordo com a causa que desse modo você pôs em ação.
Se não tem coragem de escavar o
seu inconsciente, de encarar a sua imagem, dissolvê-la e assim fazer de si
mesmo uma nova pessoa, você nunca será livre nesta vida; estará sempre
acorrentado e amarrado. O preço da liberdade é a sua coragem e as sua humildade
em encarar o que está por dentro. Quando tiver dado todos os passos
necessários, a vitória da liberdade é uma prazer tão grande que, não importa o
que aconteça fora de você, nada pode empanar a sua felicidade.
Ademais, você pode ter certeza de
que as imagens que não forem dissolvidas nesta vida terão de ser dissolvidas
numa vida futura. Isso não deve ser tomado como uma ameaça; é apenas uma consequência
lógica. E como pode ser uma ameaça algo que deve libertá-lo das suas cadeias? O
quanto antes você descobrir as suas imagens de livre e espontânea vontade, mais
fácil será a sua libertação. Você pode seguramente acreditar nisso.
Achar, compreender e dissolver uma imagem é um longo processo. Mesmo depois
que você a tenha compreendido, a reeducação das correntes e reações emocionais,
que foram condicionadas numa direção por um longo período, leva tempo, exige
esforço e paciência. Você pode revoltar-se contra a infelicidade,
porém quando perceber que a causa não é Deus nem o destino, mas você mesmo, sua
revolta pode virar-se na sua própria direção e então você vai ficar impaciente
consigo mesmo. Com essas correntes, você jamais será bem-sucedido em localizar
e dissolver a sua imagem; você tem que estar em um estado mental descontraído,
e esse estado só pode ser conseguido quando você entende e aceita a longa
duração da busca.
Enquanto estiver buscando a
imagem, não aborde o seu subconsciente com atitude moralista. Ele não gosta
disso e irá resistir. Ele lutará contra você e tornará mais difícil um acordo
com a sua consciência volitiva. Comece por pensar nas suas feridas, conflitos e
problemas. Considere as suas atitudes interiores incorretas como ignorância e
erro. Na verdade, todas as falhas o são! Comece pensando sobre as suas
idiossincrasias, seus preconceitos, suas emoções tensas em certos campos da
vida. Pense em como você reage emocionalmente a certas coisas e em quando e
como essas reações se repetem como um padrão ao longo da vida. Comece com uma
visão dos seus desapontamentos, que aparentemente nada têm a ver com as suas
ações ou reações. Depois, quando reconhecer um certo padrão regular, você será
capaz de ver a conexão com a sua atitude interior, que pode então ter escapado
à sua consciência.
Para mim, meditação, ou prece
profunda, ou pensamento profundo, significa tomar tudo o que você descobriu
acerca dessas reações reprimidas ou ocultas – que digam respeito à tendência
que você encontra repetidamente, quer você se depare com reações muito
diferentes daquelas reações externas que já conhece – e refletir sobre os eu
significado, sua importância, seu efeito sobre você e sobre os outros.
Compare-se com a Lei Espiritual tal como você a conhece agora. Pense a respeito
disso, tanto do ponto de vista espiritual quanto do ponto de vista prático.
Trabalhe com esse conhecimento
recém-descoberto sentindo-o e experimentandoo novamente. Então pense outra vez
cobre ele tão objetivamente quanto o sabe fazer agora. Simplesmente mude o seu
pensamento para um nível mais profundo e o aplique ao conhecimento novo que
você obteve, tanto aos reconhecimentos aparentemente repetidos quanto aos
chocantemente novos e diferentes. Não deixe essa nova compreensão de lado,
senão você pode resvalar de volta para o mesmo velho padrão.
Você pode facilmente enganar-se e
pensar que, somente porque descobriu uma informação importante e significativa
sobre a sua alma, nada mais é necessário. Você pode ter o conhecimento teórico e ainda assim
continuar reagindo da mesma velha maneira. Não é suficiente compreender
interiormente suas tendências e reações ocultas e para por aí. O trabalho só
começa depois desse reconhecimento. E essa é a meditação em profundidade, no
nível emocional profundo que você descobriu. Caso negligencie
essa meditação, você pode reter o que encontrou, mas gradualmente ele vai ficar
mais remoto, uma mera informação teórica no seu cérebro, enquanto por debaixo
você continua reagindo como antes. Nesse caso você não terá obtido sucesso em
integrar e unificar as suas reações emocionais erradas e conclusões errôneas
com o seu conhecimento intelectual.
As emoções dependem mais do
hábito do que as tendências exteriores. Além do mais, elas são tão enganadoras
que, a despeito dos seus esforços, os seus velhos padrões podem simplesmente
continuar agindo sem que você tome consciência desse fato. Você está acostumado
a empurrar o conhecimento desagradável para o subconsciente, e não pode perder
esse hábito de um dia par o outro. É preciso uma grande quantidade de treino,
de concentração e esforço. Novos padrões de hábitos têm que ser estabelecidos
até que você reconheça os sinais das tendências que devem ser tornadas
conscientes. Você tem que desenvolver uma sensibilidade especial para isso – e,
é claro, leva tempo.
Vergonha
Tudo o que tem ligação com as
imagens interiores errôneas causa à pessoa uma forte vergonha. A atitude ou
conclusão em questão pode nem mesmo ser vergonhosa objetivamente falando.
Talvez não houvesse nenhuma razão para a vergonha, caso ela estivesse à luz do
dia; você não sentiria que ela merecesse essa reação, se a encontrasse em
outras pessoas.
Depois de ter a coragem de trazê-la
à luz, você experimentará por si mesmo como esse sentimento de embaraço e
vergonha desaparece por completo. Mas, antes dessa exposição, enquanto você
ainda está lutando com ela, você sentirá a vergonha com muita força.
Você pode ter um defeito que é
muito mais embaraçoso, mas, tendo-o descoberto há muito tempo atrás, você o
aceitou, chegou a um acordo com ele e portanto não se sente mais envergonhado,
podendo, talvez, até mesmo ser capaz de discuti-lo abertamente com outras
pessoas. Contudo, algo que é um defeito muito menor causa-lhe profunda
vergonha, enquanto você não entra em acordo com ele.
Digamos que você descubra que foi
fortemente influenciado por um de seus pais e é muito dependente dele. Isso por
si só não é motivo para se envergonhar; isso é algo que se discute geralmente
todos os dias. Mas você tinha estado inconsciente disso até agora, ignorava o
quanto e de que maneira foi influenciado e o quanto permanece dependente de
emoções semelhantes. Porém, quando você se depara pela primeira vez com essa ideia,
ela causa um sentimento de agudo embaraço. Essa é uma típica reação ligada a
uma imagem. Meus amigos. E se você a antecipar, novamente tornará as coisas
mais fáceis para si mesmo. Você não estará sob impressão emocional, subjetiva,
de que está sozinho no mundo ou que só você tem tais sentimentos, pois é nisso
que as suas emoções acreditam e é por isso que você se sente tão envergonhado.
Essa crença é um sinal do
sentimento de separação que você sofre em tais momentos. Mas se você se der
conta de que todo mundo está passando por essa reação, de que ela é um sintoma
a ser esperado, será capaz de contrabalançar a sua impressão emocional
subjetiva falaciosa, não lhe dando atenção em vez de continuar se deixando governar
por ela. Só assim você pode libertar-se da muralha de separação que o fecha na
escuridão, na solidão e no medo, na culpa e na falsa vergonha. Só você pode
evoluir como uma pessoa livre, com a cabeça erguida, em vez de ser governado e
suprimido pelas suas impressões erradas e pela falsa vergonha. É preciso apenas
um momento de coragem para atravessar aquilo que parece tão vergonhoso e para
encara-se como realmente é. Você não descobrirá que viveu em um mundo
fantasmagórico de medos e vergonhas que absolutamente não é real.
Com muita frequência, a vergonha
não surge porque de repente você descobriu algo muito maldoso ou horroroso.
Não! Você pode ficar muito mais envergonhado por algo simplesmente tolo. Se
você entender que, quando formou a imagem, o raciocínio que agora faz se
envergonhar estava de acordo com a sua capacidade de pensamento e raciocínio,
você só é tolo relativamente. E você, ser humano inteligente que é, não pode
reconciliar-se com o fato de que uma reação tão “boba” ainda vive no seu íntimo.
Você está agora no ponto em que realmente reconhece que essa foi a sua dedução,
a sua conclusão durante anos até o presente, e agora fica bastante embaraçado
em ver que isso era parte da sua mente, da sua “mente subterrânea”, mas ainda
assim da sua mente, da sua reação.
Será mais fácil para você aceitar
isso se considerar que nesse aspecto você continuou sendo uma criança, porque
deixou todo o processo de raciocínio na escuridão da mente subconsciente.
Também é de grande ajuda perceber que não existe ninguém que você possa citar
entre todos que conhece que não possua as suas próprias imagens, e, portanto,
incongruências semelhantes. Se você conversasse com uma criança de, digamos,
quatro ou dez anos, você não ficaria surpreso em encontrar esse raciocínio.
Aperceba-se disso e você vai superar o constrangimento.
Antes que você possa mudar o que
quer que seja, você precisa entender o que em você mesmo causa todo esse
sofrimento. Só então, lentamente, de forma gradual, você será capaz de reeducar
as suas emoções, dissolver as suas imagens e criar na sua alma formas novas e
produtivas que correspondam à Lei Divina.
Vou me retirar agora, com as
bênçãos especiais que estão vindo para todos vocês, meus queridos. É a bênção
da coragem de que todos vocês tanto precisam. Fiquem em paz; fiquem com Deus.
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