Saudações e bênçãos para todos os presentes. Deixem que o poder do espírito os vivifique, que ele viva e se manifeste através de vocês. Então vocês estarão no mundo real e suas vidas terão significado. Cada passo dado nessa direção gera nova energia. Vocês, que verdadeiramente querem descobrir quem são e estão preparados para fazer o sacrifício de abandonar velhos padrões destrutivos de pensamento e reação, vão descobrir o incomparável tesouro que existe no interior de vocês. Nesse momento, a palavra sacrifício toma-se realmente ridícula, pois vocês abandonam o nada para ganhar o tudo.
À medida que se tomam mais receptivos
e sintonizados devido a aceleração do seu desenvolvimento, vocês começam a
compreender que a realidade do espírito é muito maior que aquela das coisas que
vocês tocam e vêem. A energia espiritual que é gerada por vocês torna-se auto
perpetuadora. Isso pode ser notado tanto em suas vidas pessoais quanto nos
empreendimentos em conjunto com outras pessoas. Naturalmente, mesmo
depois de terem feito grande progresso, vocês ainda terão de lidar com as suas
defesas e negatividades não dissolvidas, com suas resistências, distorções e
escuridão. Como sempre, esses aspectos têm que, primeiro, ser plenamente
reconhecidos e aceitos antes que possam ser abandonados. É impossível abrir mão
de algo que vocês não sabem que têm e que não expressam.
A intencionalidade negativa
Agora eu gostaria de falar sobre
a necessidade de estar atento à sua intencionalidade negativa, antes oculta,
mas agora consciente. No passado, você pode ter aceito a teoria de que você
também tem um Eu Inferior, de que você tem falhas e defeitos de caráter. Pode
ser até que você tenha enfrentado muitos destes, lidando com eles de maneira
honesta e construtiva.
Mas isso não é o mesmo que achar
a sua intencionalidade negativa. É um fato importante da psicologia humana que,
o que quer que as pessoas temam, ou efetivamente experimentem, elas
inconscientemente querem. Todo o Pathwork está baseado nesse fato verdadeiro da
vida. Agora, muitos dentre vocês estão face a face com uma atitude básica de
negação em relação à vida: uma atitude que não expressa nenhum desejo de dar,
de amar, de contribuir, de sair de si mesmo, de receber ou de viver bem e
produtivamente. Isso pode parecer absurdo à mente consciente, que quer nada
menos que toda e qualquer satisfação imaginável. Mas existe aquela outra parte
da alma, num canto escondido da psique, que diz exatamente o oposto. Ela quer
odiar, ser rancorosa, quer sonegar — mesmo que isso cause sofrimento e
privação.
O reconhecimento dessa parte da
alma é de capital importância. Ela não é necessariamente uma grande parte da
personalidade. De fato, pode ser que uma parte relativamente pequena da sua
consciência esteja trancada em negação, enquanto uma parte muito maior lute
pelo oposto. Mas não importa quão pequena ela seja em relação aos aspectos liberados
e positivos da personalidade, a parte negativa tem um poder magnético sobre a
vida da pessoa justamente porque ela não está sendo conscientemente
reconhecida.
Quando toma consciência dessa
intencionalidade negativa, você começa a perceber o domínio devastador que tal
atitude tem sobre você e sobre a sua vida. Não obstante o seu conhecimento de
como ela é destrutiva e sem sentido, você ainda se acha incapaz — quer dizer,
não disposto — a abandonar essa atitude. É necessário um grande esforço para ultrapassar
a resistência antes que você possa aceitar essa percepção, a princípio
chocante, sobre a sua vida. Na verdade, muito da resistência que você
encontra em si mesmo e nos seus companheiros baseia-se exatamente em não querer
enxergar a existência dessa destruição e negação sem sentido no seu interior.
Quando, porém, você
finalmente a vê, isso é uma bênção. Você pode então lidar com essa negação da
vida. Existem inúmeras “razões”, se é que podemos chamá-las assim, para a
negatividade, das quais você já tem bastante consciência. Contudo, você pode
vir a descobrir que ainda não pode sair desse ponto. Ainda assim, o simples
fato de saber que é você quem quer o isolamento, a solidão, a falta de amor, o
ódio e o rancor, em vez de culpar algum destino pelo qual é inocentemente
atingido, o simples fato de sabê-lo é uma chave para encontrar o próximo elo na
cadeia da sua evolução.
Neste ponto, seria útil fazer uma
clara distinção entre negatividade e intencionalidade negativa. A negatividade
compreende um amplo espectro de sentimentos que inclui hostilidade, inveja,
ódio, medo, orgulho e raiva, para citar uns poucos. Mas quando falamos de
intencionalidade negativa, nos referimos à intenção de aferrar-se ao estado de
negação da vida e de si mesmo. A própria palavra intenção revela que a
personalidade está no controle, e faz uma escolha deliberada, pretendendo
fazer, agir e ser de uma certa maneira. Ora, mesmo quando assume as atitudes
mais destrutivas, cruéis e brutais, você sempre dá a impressão de que não pode
deixar de ser como é. Contudo, quando força a exposição da sua intencionalidade
negativa, você não pode mais se enganar com a ideia de que a negatividade
apenas “acontece”. Cedo ou tarde, você deve chegar a um acordo com o fato de
que a sua vida é o resultado das suas escolhas. E a escolha implica a
possibilidade de adotar uma outra atitude. Em outras palavras, você pode
verdadeiramente descobrir, num nível profundo, que é livre. Mesmo os seus
estreitos limites atuais resultam de um curso livremente escolhido que você
segue e continuará seguindo até que decida mudá-lo.
Para a mente consciente, essas
intenções negativas podem parecer absurdas, mas você pode ficar certo de que a
intencionalidade negativa realmente existe. Admitir e lidar longa e
profundamente com esse fato exige luta, esforço e paciência consideráveis, bem
como uma superação interior da resistência. Eu não falo de um lampejo ocasional
e vago de um reconhecimento, que então é deixado de lado. Lidar verdadeiramente
com a intencionalidade negativa representa uma grande crise na vida da pessoa e
significa uma transição básica. Não é algo pelo qual se passe facilmente. Vamos agora dirigir o
olhar para certos estágios e progressões fundamentais dessa transição.
Você pode iniciar esse Patwork sem nenhuma consciência das suas obstinadas
intenções negativas. Como eu disse, se você fosse confrontado com esse fato,
não poderia dar-lhe crédito, quanto mais senti-lo e observá-lo no seu interior.
Você pode ter consciência de algumas falhas e atitudes destrutivas, de alguns
comportamentos e sentimentos neuróticos, mas eu jamais poderei enfatizar
suficientemente que isso não é o mesmo que ter consciência da sua
intencionalidade negativa.
Quando o seu Pathwork progride
bem e você obtém uma percepção mais profunda e honesta de si mesmo, você pode
aceitar mais os seus sentimentos tanto os bons como os dolorosos. Você ganha
força e objetividade. Através do seu renovado compromisso de sempre enfrentar a
verdade de si mesmo, o que ativa as mais puras energias espirituais, você chega
finalmente a descobrir a sua negação intencional de todas as boas coisas da
vida. Você vai descobrir que, quanto mais frustrado se sente por não alcançar
aquilo que tão ardentemente deseja, maior é a sua intenção negativa interior e
menor a sua inclinação para lidar com ela. Essa correlação é extremamente
importante. O mesmo se aplica às dúvidas: quanto mais você teme que o que você
quer não vai se materializar, menos fé você tem na sua vida, e menos conexão
existe entre você e a sua vontade negativa.
Uma nova esperança
Que a personalidade escolha um
curso de negação, de rancor e de ódio, mesmo
ao preço de sofrer, é tremendamente difícil de admitir. Mas uma vez que
isso seja feito, abre-se a porta para a liberdade, mesmo antes que se esteja
realmente pronto para atravessá-la. Antes mesmo que a personalidade esteja
preparada para fazer uma nova escolha, a mera disponibilidade de outra rota,
outra abordagem para a vida e para o reinvestimento das energias e recursos,
traz esperança — não uma falsa esperança, mas uma expectativa realista.
Vocês se prendem tanto a falsas
esperanças, meus amigos! Na verdade, vocês investem as suas melhores energias
em soluções neuróticas baseadas em esperanças irrealizáveis ou em pura e
simples ilusão. Existe porém uma esperança, real, realista e realizável: uma
esperança que não está fadada a terminar em desapontamentos e desilusões. Essa
esperança lenta mas certa toma-se realidade manifesta, resultando na satisfação
e na realização do que há de melhor no seu interior e, portanto, no acesso a
tudo o que a vida tem a oferecer. Pense apenas em todas as potencialidades que a vida tem a
oferecer. Elas são infinitas e são suas, bastando que você peça.
Todavia, por mais
importante que seja a descoberta da existência da sua intencionalidade
negativa, ter consciência dela não é o mesmo que abandoná-la. Algumas
vezes é possível que a tomada de consciência de uma atitude destrutiva ou
distorcida a elimine automaticamente, mas isso nem sempre é verdade. Toma-se
evidente repetidas vezes no trabalho evolutivo de quase todas as pessoas que,
apesar de a pessoa saber como é sem sentido e destrutiva sua intencionalidade
negativa, é necessário mais do que simplesmente o seu reconhecimento antes que
a mente, a vontade e a intenção possam ser modificadas.
Nós já examinamos muitas das
crenças e concepções errôneas, motivos e razões que fazem com que isso seja
desse modo. Nós trabalhamos com muitas delas. Existe o medo do desconhecido; o
medo de ser ferido e humilhado; o medo e a recusa de sentir a dor, passada e
presente. Uma atitude negativa é, portanto, uma defesa contra sentimentos
reais. O apego a uma direção negativa da vontade é também devido a uma recusa
em assumir responsabilidade na vida ou de lidar com circunstâncias menos que
ideais. É uma insistência interior de forçar os seus “maus pais” a tomarem-se
“bons pais” usando a sua infelicidade como uma arma contra eles. A
intencionalidade negativa é também um meio de punir a vida em geral. Alguns de
vocês já exploraram, verificaram e trabalharam amplamente esses sentimentos,
reações e atitudes, porém ainda insistem em apegar-se a eles. Por quê?
Nós também nos debruçamos sobre a
origem dessa negação. Ela é com frequência a única forma que uma criança tem
para preservar sua individualidade. Se a resistência interior não for mantida,
a personalidade se sente ameaçada: a criança equipara o abandono da resistência
à capitulação, ao abandono da própria individualidade. Muitos de vocês estão
conscientes disso e conhecem a inadequação de levar consigo uma posição, que
foi válida um dia, para o presente, no qual ela não tem mais validade e é puramente
destrutiva.
Pode parecer quase inconcebível para aqueles
dentre vocês que ainda não fizeram essa descoberta de si mesmos que alguém
possa admitir uma atitude sem sentido e destrutiva, que nada mais faz senão
produzir resultados indesejáveis, e ainda assim insistir em mantê-la. Por que
existe essa recusa aparentemente desprovida de sentido, embora você saiba que
ela só causa dor a você e aos outros? Tem que haver uma razão poderosa, que
obviamente vai além de qualquer das causas supramencionadas — por mais
verdadeiras que sejam em si mesmas. Muitos de vocês estão presos neste ponto
específico e precisam de ajuda para sair dele.
Qual a parte de você com a qual
você se identifica?
Para desatar esse nó, a questão
da identificação tem que ser focalizada. Qual a parte de você com a qual você
se identifica? Essa identificação não é algo que o Ego consciente escolha. Uma
vez mais, é algo que deve ser descoberto pela sua mente observadora. De que
forma você está identificado com as diferentes partes do seu ser?
Por exemplo, se você se
identifica exclusivamente com o Ego — aquela parte de você que é consciente,
que quer e age — fica automaticamente impossível produzir uma mudança que
transcenda a província do Ego. A mudança interior das mais profundas
atitudes e sentimentos de uma pessoa não pode ser produzida pelas funções muito
limitadas do Ego. Deve haver identificação com um aspecto mais
profundo, mais amplo e mais efetivo da personalidade para que se possa pelo
menos acreditar na possibilidade de uma mudança como essa. Qualquer
modificação profunda ocorre através de um compromisso do Ego em querer a
mudança e confiar que os processos do Eu Espiritual involuntário o produzam.
Se não existe identificação com o Eu Espiritual, essa confiança e o clima
necessário de expectativa positiva livre de pressão não podem existir. E se
eles não existem, a pessoa não pode sequer desejá-los, pois a convicção do
fracasso rechaçaria a impotência do Ego de uma maneira por demais desagradável.
Portanto, é preferível para o Ego limitado dizer "eu não quero" do
que dizer “eu não posso”.
A identificação pode existir de
uma maneira extremamente positiva e construtiva, ou de uma forma profundamente
negativa, obstrutiva e destrutiva. A diferença não é determinada pela sua
identificação com um ou outro dos vários aspectos da personalidade — como se um
fosse bom e o outro mau. A identificação com qualquer aspecto da sua
personalidade pode ser desejável, saudável e produtiva, ou o oposto. Por exemplo, você pode
pensar: “Como pode ser destrutivo identificar-se com o Eu Superior”?
Se você se identificar com o seu Eu Superior sem estar
verdadeiramente consciente do seu Eu Inferior, da sua Máscara, das suas
defesas, de seus expedientes desonestos e sua intencionalidade negativa, então
a sua identificação com o Eu Superior torna-se uma fuga e uma ilusão. Nessas
circunstâncias, essa experiência não é confiável ou real. Ela se parece mais
com sustentar "da boca para fora" uma filosofia na qual você acredita
no nível puramente intelectual. Não existe problema em saber que você é uma manifestação
divina com poder potencialmente ilimitado para mudar a si mesmo e a sua vida,
que você é o próprio espírito do Universo em forma manifesta.
Isso é verdade. E ainda assim é uma meia-verdade quando esse tipo de
identificação negligencia a parte de você que precisa de um exame minucioso e
de uma atenção sincera.
Seguindo a mesma linha de
raciocínio, pode-se dizer que se identificar com o seu Eu Inferior ou com sua
Máscara é uma coisa, mas observá-lo e identificá-lo é outra. Quando você está
identificado com o seu Eu Inferior, você acredita que ele é tudo o que existe
em você. Quando você o identifica, observa, admite e lida com ele, você não
acredita que ele seja toda a sua realidade. Se fosse, você não poderia
identificá-lo, observá-lo, avaliá-lo, analisá-lo e modificá-lo, pois aquela
parte de você que faz toda essa observação está certamente com mais controle,
tem mais poder e é mais ativa e real que a parte que está sendo observada,
avaliada ou modificada. No momento em que você identifica algo, bom, mau ou
indiferente, a parte que identifica é mais você que o que quer que esteja sendo
identificado. Em outras palavras, o observador é mais real e detém mais
controle que o observado.
Essa é a imensa diferença entre identificar
alguma coisa e identificar-se com ela. Quando a Máscara e o Eu Inferior, ou a
intencionalidade negativa, estão sendo identificados, há espaço para que
sentimentos verdadeiros, inclusive a dor, sejam honestamente experimentados, e
a dor não precisa mais ser negada. Isso se dá porque a energia que não é mais
investida na negação o trará para a verdade. E, quando pode verdadeiramente vivenciar os
seus sentimentos, você pode identificar-se com o Eu Espiritual.
O Eu Inferior deve ser identificado por você; o Eu
Espiritual deve ser identificado com você. O Ego faz a identificação, mas se
entrega voluntariamente de modo a ser integrado no Eu Espiritual.
Como abandonar a intencionalidade
negativa
No processo de abandonar a
intencionalidade negativa, a pessoa já se sente como algo mais que o seu Eu
Inferior, que deve ser dissolvido. Quer dizer: suas energias estão sendo
dissolvidas na sua forma atual e estão sendo reconvertidas, alteradas e
canalizadas para um caminho novo e melhor. A recusa sem sentido em abandonar a
vontade negativa existe porque a pessoa está completa e totalmente identificada
com esse aspecto da personalidade, a despeito de outros aspectos desenvolvidos
da personalidade aos quais isso pode não se aplicar. Em outras palavras, essa
não é uma condição total. Não é correto dizer que uma pessoa ou está
inteiramente identificada com o Eu Inferior ou não se identifica com ele de
forma alguma. Existe invariavelmente uma combinação: alguns aspectos da
personalidade estão livres, e nessas áreas uma profunda identificação
espiritual ser sentida. Ao mesmo tempo, os aspectos ainda não identificados do
Eu Inferior, os sentimentos ainda não vivenciados criam, em parte, um
assustador mergulho no Eu Inferior, que a personalidade acredita ser a sua
única realidade. Ao mesmo tempo uma terceira identificação, na qual o Ego é
considerado como a única função válida e confiável, também pode existir. É
assim que as pessoas estão divididas em relação à identificação.
Quando existe uma identificação
secreta, embora parcial, com o Eu Inferior, abandoná-la é semelhante à auto
aniquilação. Para aquela parte da personalidade que é destrutiva, cruel, odiosa
e rancorosa, isso parece o verdadeiro Eu. Tudo o mais parece irreal, talvez até
mesmo falso, especialmente quando um verniz realmente falso é usado para
encobrir a realidade do Eu Inferior. O abandono do ódio, do rancor e das intenções
negativas se parece com o abandono do próprio ser. Essa auto aniquilação
aparente é um risco que não se pode correr, mesmo se a promessa lhe aponta que
alegria e satisfação resultam desse sacrifício. Na melhor das
hipóteses, essa alegria parece acontecer para uma outra pessoa que não o você
familiar. De que adiantam a alegria, a satisfação, o prazer, o respeito
próprio, a abundância, se eles serão experimentados por outra pessoa que não
você? Esse é um sentimento e um clima não articulados em palavras.
Essa é a parte mais difícil de vencer. Ou, talvez, eu
devesse corrigir essa afirmação e dizer que essa é a segunda parte mais difícil. A primeira é assumir o
compromisso inicial de descobrir a verdade a respeito de si mesmo.
Isso inclui a observação e a admissão mental dos seus verdadeiros pensamentos,
a experiência de 150 todos os sentimentos e a tomada de responsabilidade por
eles em todos os níveis. A segunda é desembaraçar-se da sua identificação com o
seu Eu Inferior.
Quando vivencia a si mesmo como
real apenas no Eu Inferior, em qualquer medida que isso possa ser verdadeiro,
você não pode abandoná-lo. A recusa em fazê-lo é a vontade de viver, só que
deslocada do seu verdadeiro lugar. Você vive na ilusão de que, além dos seus
aspectos mais negativos, nada mais do seu ser existe. Você só se sente real e
energizado quando a negatividade e a destrutividade se manifestam, não importa
o quanto o ambiente limite isso e o obrigue a experimentar essa energia como se
existente apenas no seu interior. O amortecimento e o entorpecimento externos
parecem resultar do fato de se ter “abandonado” o mal; mas ele não foi deixado
de lado, absolutamente.
Meus amigos, deixem que isso os
penetre: sua resistência em abrir mão daquilo que mais odeia em si mesmo
deve-se a uma falsa identificação.
A saída
Como você vai achar a saída? A
primeira coisa a fazer seria questionar a si mesmo: “Isso é realmente tudo o
que sou? É verdade que a minha realidade deixa de existir quando eu abandono a
minha vontade e a minha intenção negativas? Isso é tudo o que existe em mim”? O
simples fato de levantar tais questões honestamente já vai abrir uma porta.
Mesmo antes de virem as respostas — e elas em algum momento virão à luz — o
fato de essas perguntas serem feitas permitirão que você chegue ao segundo
estágio dessa progressão: você se dá conta de que a parte que faz as perguntas
já está além da sua identidade presumida. Assim você já estabelece uma nova
ponte. Daí em diante, não será tão difícil ouvir uma voz em você que responde
de uma nova maneira, além do escopo limitado do Eu Inferior, que você costumava
proteger com tanto zelo.
Procure formular perguntas
experimentais, feitas de boa vontade e de boa-fé. Esse é o primeiro passo para
descobrir a saída da sua prisão de sofrimento desnecessário. Quando você age
dessa forma, não se identifica mais com o Eu Inferior, que não conhece nada
além do limite dessas muralhas e que deriva a sua identidade, ou realidade, do
fato de ser negativo. Em lugar disso, você chega ao ponto no qual pode
identificá-lo e ser o seu observador. A identificação com o observador
transforma-se então no primeiro passo de afastamento e de um primeiro avanço
além da sua experiência familiar de si mesmo.
Presumamos, por exemplo, que você
se acostumou a se considerar uma pessoa arrogante, fria e cheia de desprezo. O
abandono dessa atitude se parece com morrer. Mas em que você se transforma com
essa morte? Você se transforma no seu Eu Verdadeiro, onde estão os seus reais
sentimentos e o seu verdadeiro ser. Caso esteja disposto a vivenciar seus
sentimentos independentemente da sua natureza, você saberá quem você é. Caso
não esteja, você continuará a ser aquele “eu” rígido, endurecido e limitado.
Aqui reside a sua chance.
Não se pode alegar que, quando
abandonar sua intencionalidade negativa, você instantaneamente passará a gozar
a bem-aventurança. Você sentirá os seus sentimentos verdadeiros, alguns deles
muito dolorosos. Mas a dor será muito mais fácil de suportar do que a posição
que você mantém agora. Na sua natureza fluente, essa postura vai transportá-lo
a novos e melhores estados, como o faz o rio da vida.
O compromisso deve sempre ser
assumido com a verdade da personalidade — o que ela realmente sente e pensa que
é. Se o alvo é um compromisso com a personalidade, 151 com o Eu, então você não
pode falhar em atingir a autorrealização. Você alcançará sentimentos mais
profundos. Você irá até mesmo dar as boas-vindas à dor, porque ela é real, está
em movimento e é totalmente você.
As primeiras respostas que você
receberá para as suas perguntas podem nem mesmo vir ainda do seu Eu Espiritual
mais profundo. As primeiras respostas podem vir da sua mente consciente. Sua
capacidade de formular novas possibilidades e respostas, e de usar o
conhecimento da verdade que já está integrada à sua consciência, será sentida
como algo seguro e muito real. Ao mesmo tempo ela lhe dará uma nova chave para
usar o equipamento à sua disposição de outras maneiras que não a sua velha
rotina.
Esses novos pensamentos podem
levar em consideração o fato de que tentar uma intencionalidade positiva pode
ser inteligente e desejável para você. Você pode, primeiro, brincar formando
novos pensamentos, pesando novas possibilidades e alternativas em relação à
maneira pela qual você estabelece o seu aparato de pensamento. Essa é uma
empresa excitante e que não o obriga, em princípio, a seguir qualquer curso de
ação. Significa simplesmente dar um novo alcance a uma mente fortemente
estabelecida. Você sempre pode exercer o seu direito de voltar ao ponto
onde estava; você nunca é coagido pela vida ou por quem quer que seja. A
escolha é sempre sua. Esse conhecimento vai fazer com que o risco
aparente de experimentar uma nova direção de pensamento pareça menos
definitivo. Apenas investigue o que sente ao pôr em movimento uma
intencionalidade positiva. À medida que você dispõe dessa nova liberdade para
si mesmo, você constrói uma outra ponte para uma maior expansão do Eu. Pouco a
pouco, você começa a ficar calmo e a ouvir a si mesmo. Você perceberá a voz
constante e sempre presente da verdade e de Deus. Ela vai aumentar de frequência
até que você se dê conta de que você é tudo o que existe. Não existe nada que
vocês não sejam, meus amigos. Isso pode parecer muito distante, mas não está
tão afastado quanto agora pode parecer.
Vocês, que se tomam disponíveis a
novas possibilidades de conceber, perceber e formar novas atitudes interiores
vão experimentar a riqueza do Universo, a riqueza do seu ser mais íntimo. Daí
resultam uma nova ação e uma nova experiência exterior. Vocês, que continuam
confinados às suas velhas possibilidades, devem continuar numa situação
insatisfatória, não importa quão desenvolvidos possam ser em relação aos
outros. Não há como ficar parado. Se fica estático, você se confina. Somente
quando continua a se expandir é que você pode realmente vir a ser você mesmo.
Uma bela energia dourada quer
abrir caminho através das nuvens. As nuvens se dispersam mais e mais. Na medida
em que você simplesmente deseja que elas se dispersem, menos espessas elas vão
se tornando. Quanto mais você se esconde por trás da negação e da dúvida, que
são as mais fortes defesas contra sair do seu próprio controle, mais difícil é
para a força e o sol dourados atravessá-las. Mas eles estão lá. Não acredite
que você tem de se transformar numa pessoa diferente. Você fica melhor do que
nunca. Quando essa mudança ocorrer, você vai reconhecê-la, vai experimentar a
sua familiaridade e sentirá como é segura, como você é ela. Ela é o melhor que
há em você. Você não trai a própria realidade, não se toma algo do que tenha
que se envergonhar. Tente acreditar nisso. Relaxe um pouco. Deixe que a luz o
penetre e aceite que a realidade não é desalentadora. A realidade é linda. O
Universo está cheio de amor. A realidade é o amor e o amor é a verdade. A liberdade
do seu próprio espírito será encontrada na verdade e no amor. Abençoados sejam
todos vocês!
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