Saudações e bênçãos. Esta palestra é mais um passo para ajudá-los de um modo bem específico. No processo de crescimento e expansão, a personalidade individualizada deve, sempre, evoluir em direção a novos estados de consciência e experiência. Cada estado aprofunda-se em alcance e libera uma nova substância criativa com a qual se geram experiências de vida e mundos desejáveis. Dessa forma, uma parcela cada vez maior da abundância do Universo passa a ficar disponível para o indivíduo.
Todos vocês sabem que a
visualização é essencial para o trabalho de criação e recriação realizado na
meditação. A menos que você possa visualizar o estado para o qual pretende
dirigir o seu crescimento, dificilmente será possível alcançá-lo. Contudo, é
extremamente difícil visualizar um novo estado, direcionando para ele o
crescimento, sem que exista algum tipo de exemplo.
Nesta palestra, quero
oferecer alguns indicadores e conceitos iniciais bem definidos do que procurar,
com que sintonizar-se e o que estar preparado para assumir como seus potenciais
até aqui adormecidos. Vou traçar um quadro de como é, interna e
externamente, chegar ao ponto no qual a personalidade se une verdadeiramente ao
Eu Divino interior, à inexaurível riqueza que é o núcleo interior de cada ser
humano; o próprio centro do ser do indivíduo. Esta palestra é apenas um esboço
que descreve certas condições e expressões muito básicas que podem ser
seguramente generalizadas e aplicadas a todos vocês que atingiram o estado no
qual o seu Eu Divino é constantemente expressado e realizado. Tentarei dar-lhes
um conceito e uma visão de maneira que vocês possam começar a ver com novos
olhos, e talvez reconhecer em outros aquilo para o qual antes estavam cegos.
Assuma um compromisso de todo o
coração
Quando as pessoas chegam à
situação de optar deliberada e conscientemente por dedicar-se à vontade e à
realidade divinas, então é lançado o alicerce para que ocorram certas mudanças
vitais em sua vida interior e exterior. Esse é um compromisso com a consciência
absoluta que habita em toda criatura. Ela pode ser chamada por qualquer nome
que você queira; Deus, consciência universal, Eu Verdadeiro, Eu Interior —
qualquer que seja o nome que você atribua àquilo que transcende o pequeno Ego.
Quando esse compromisso de todo coração é plenamente assumido, então certas
coisas começam a acontecer na vida da pessoa. Obviamente, não se chega a esse
estado cruzando-se uma linha claramente definida, mas através de um processo gradual.
Antes de descrever esse processo, eu gostaria de dizer que você não deve se
desviar do rumo pelo fato de ter assumido conscientemente um compromisso como
esse e não encontrar a ocorrência de nenhuma grande mudança interna ou externa
em sua vida.
Alguns de vocês podem se dedicar
a Deus num nível consciente, mas talvez podem não perceber que existem outros
níveis da personalidade em que isso não ocorre. Pode parecer muito fácil
acreditar, num nível meramente consciente, que esse compromisso com Deus é o
que você quer. Conscientemente, você pode estar cheio da boa vontade e
realmente querer isso. Porém, a menos que tenha realmente experimentado os
níveis contraditórios que existem no seu interior nos quais você não quer isso
(ou nos quais você apenas o quer nos termos do seu próprio Ego, termos esses
que destroem o ato da entrega de si mesmo), você vai querer voltar atrás.
A menos que você admita a sua oposição, o seu medo, a sua obstinação e o seu
orgulho, seu compromisso consciente será sempre bloqueado. A menos que você
assuma o nível contrário do Ego que se esconde por trás da sua boa vontade,
você pode nem mesmo compreender por que certos resultados ainda estão ausentes,
a despeito do seu compromisso consciente em relação a verdade, a Deus, ao amor.
Essa consciência é muito importante, e o Pathwork lida com ela de uma maneira
muito intensa, para ajudá-lo a evitar uma das mais insidiosas obstruções:
enganar-se a si mesmo.
Nós buscamos e trazemos à luz
aquela parte negativa da personalidade que diz “eu não quero”. Você aprenderá a
ter a coragem, a humildade e a honestidade de expor essa parte — a parte que
diz até mesmo “eu quero resistir. Quero ser rancoroso. Quero tudo à minha
maneira ou então não quero nada”! Apenas quando as pequenas fendas da sua substância psíquica se abrem e expõem essas áreas é que
você pode começar — frequentemente com muito conflito — a modificar esse nível
negativo, essa porção mais escura da sua personalidade. Quando ela fica
escondida, você fica dividido e não compreende por que seus esforços positivos
não vão adiante.
É então que chega o ponto em que
você terá vencido essa batalha em particular. Nesse estágio, você pode abraçar
a entrega à consciência divina e confiar nela com todo o seu coração.
Novamente, porém, isso não ocorre de um golpe. A princípio, essa entrega exige
que se lute por ela a cada momento. Você precisa de disciplina para lembrar-se
dela. Embora a resistência tenha deixado de existir, o Eu Exterior ainda está
condicionado ao velho funcionamento e, automaticamente, se põe à frente no
nível mais superficial da mente. Nesse estágio, é preciso que você adquira um
novo padrão para os seus hábitos. Talvez quando você estiver realmente com
problemas, num estado de crise, vá lembrar de se abandonar, deixando que Deus
assuma o comando. Mas na vida comum, nos seus afazeres cotidianos, isso ainda
não ocorre. Talvez você possa fazê-lo nas áreas onde é relativamente livre, mas
ainda se depara com a sua velha obstinação, com a sua velha desconfiança e
falta de memória naquelas áreas em que os problemas persistem. Somente aos
poucos você alcança o estado no qual um novo padrão de hábitos é instituído, no
qual o ato de se entregar ao todo é realizado, onde ele se manifesta e permeia
todos os seus pensamentos e percepções, todas as suas decisões e ações, todos
os seus sentimentos e reações. Ainda voltaremos a esse ponto.
Vida interior e vida exterior
Primeiro, deixe-me falar sobre o
relacionamento que existe entre a sua vida interior e a sua vida exterior.
Existe muita confusão a respeito deste tópico. Há aqueles que alegam que apenas
a vida interior é importante. Eles bloqueiam o inevitável movimento da vida
interior para a exterior porque não veem a limitação e a falsidade dessa ideia.
Se a unificação e o processo divino estão realmente em movimento, o conteúdo
interno deve expressar-se externamente. Em suma, a vida exterior deve espelhar
a vida interior em cada aspecto possível. Mas se a sua
consciência ignora essa verdade, ou mesmo abraça fortemente a crença oposta de
que o exterior não importa, então você impede fluxo de todo o processo. Caso
isso aconteça, o material energético mais radiante não pode expressar-se no
nível do material mais grosseiro e, assim, aprimorá-lo.
O falso conceito de que o nível exterior não tem importância
encerra a verdade e a beleza espirituais interiores que estão por trás de um
muro, separando-as da realidade material. A pessoa com esse falso
conceito começa a ver uma dicotomia entre duas coisas que, na realidade, são
uma. Muitos movimentos e escolas espiritualistas de pensamento pregam o
ascetismo e a negação da vida exterior sob o argumento de que essa atitude
amplia a vida espiritual interior. Essa distorção é uma reação ao seu oposto,
igualmente distorcido, cuja posição proclama que a forma externa é mais
importante que o conteúdo interior e que pode chegar mesmo a negar que exista
alguma realidade ou conteúdo interiores. Antes, afirma que só a forma exterior
tem importância. O verdadeiro crescimento interior deve, no devido tempo,
manifestar-se também exteriormente, embora não necessariamente com a velocidade
que a pessoa orientada para o exterior pretende e que, ao esperar uma mudança
instantânea, está cometendo equívocos de julgamento. Sem dúvida, é possível expressar a forma externa
sem que isso seja uma expressão do conteúdo interno. Você deve, portanto, ser
cuidadoso nas suas avaliações.
Essas duas distorções são contrarreações
falhas, cada um tentando eliminar a outra através de uma compreensão errada da
sua própria posição. Esse fenômeno pode ocorrer em todas as questões desde que
a consciência esteja presa à ilusão dualista. Ao longo de diferentes eras e
civilizações, em diferentes condições culturais, uma dessas distorções opostas
pode ser adotada até que o pêndulo oscile para a outra. Somente uma pessoa realmente
coerente, realizada e integrada expressa a forma exterior como consequência
inevitável do conteúdo interior. Quando a forma exterior existe
sem o conteúdo interior, ela é uma capa temporária que inevitavelmente se
rasgará, embora aparente a perfeição gloriosa da realidade divina e das suas
expressões. Novamente, esse é um processo que se repete em muitas áreas no
decorrer do desenvolvimento humano. Todavia, uma lei vigente determina que
todas as falsas capas devem rasgar-se e desfazer-se. Quando a forma exterior
existe sem conexão com um conteúdo interior orgânico, ela se desintegra. Se ela
existe apoiada em premissas falhas baseadas em aparências, na confusão entre a
vida exterior e a interior, então a forma exterior primeiro tem que desabar
para poder ser reconstruída como uma expressão orgânica do movimento e do
conteúdo interior. Somente quando a forma exterior desaba e o caos interior é
exposto e exaustivamente eliminado é que a beleza interior pode construir a
beleza exterior, é que a harmonia interior pode construir a harmonia exterior e
a abundância interior pode construir a abundância exterior. Uma visão clara
desse princípio também é necessária para criar uma visualização do seu próprio
movimento, o qual pode então manifestar-se na sua própria vida exterior como
resultado do seu processo interior.
A realização da vida divina
Analisarei agora manifestações
específicas que ocorrem numa pessoa que realmente está profundamente ancorada
no processo de realização da vida divina na consciência do Ego. Quais são as atitudes,
manifestações e expressões internas e externas de uma pessoa assim? Todas as
decisões, grandes ou pequenas, são tomadas apoiadas na base da entrega de si
mesmo, na qual o pequeno eu se abandona ao Eu Divino. Ele se põe de lado e
permite que a sabedoria interior o permeie. Nesse processo, a personalidade se
dá conta de que não há nada que não seja importante. Cada pensamento, cada
opinião, cada interpretação, cada forma de reação recebe a chance de ser
permeada pela consciência maior.
A essa altura, a resistência em
prestar atenção a tudo o que ocorre é superada; formou-se um novo hábito, de modo
que, agora, o processo divino se autoperpetua. Ele é tão parte da pessoa como
um todo que opera mesmo naquelas raras ocasiões em que a personalidade se
esquece de estabelecer o contato, quando, talvez, uma velha área ainda não
aprimorada se manifesta e empurra a personalidade na direção errada. O Eu
Interior está suficientemente livre para poder fazer advertências, para
discordar e aconselhar — e então, deixar a decisão quanto a seguir ou não esse
conselho para a personalidade exterior. Esse já é um estado de graça.
Foram estabelecidas responsabilidade e confiança como resultado da prova
repetida de que a realidade divina traz verdade, sabedoria, bondade e alegria.
A princípio, a vontade divina não recebe confiança. Ela é confundida com uma
autoridade parental não confiável, que muitas vezes pode ter proclamado como
bom para a criança algo que realmente provou não ser bom. No estágio em
questão, essa confusão deixa de existir. O Eu está plenamente consciente de que
a vontade divina está verdadeiramente de acordo com tudo o que o coração possa
desejar. Essa confiança cresce gradualmente à medida que você supera a sua
resistência e entra no aparente abismo da entrega, abandonando a egocêntrica
obstinação.
Esse processo divino auto perpetuador traz uma mudança
revolucionária vital para toda a pessoa. Eu posso me referir apenas a algumas
das suas manifestações. Pensamentos de verdade serão enviados a todo o seu ser,
não obstante os pensamentos limitados que você ainda possa seguir por hábito.
Você vai ouvir uma voz interior instruindo-o com uma sabedoria e um espírito
unificador que o seu Eu Exterior jamais poderia produzir. De acordo com essa
sabedoria, não existe a necessidade de odiar, de sentir auto rejeição ou de
rejeitar outras pessoas. As respostas e revelações mostrarão a unicidade e a
unidade de tudo, o que eliminará por sua vez o medo, a ansiedade, os atritos e
o desespero.
A submissão do conhecimento do
Ego limitado ao conhecimento do Eu mais profundo, de forma a exercer toda a
energia, coragem, honestidade e autodisciplina para tornar auto perpetuador o
conhecimento mais profundo, conduz à satisfação absoluta. Sem isso como
fundamento essencial, nenhuma alegria, nenhum prazer ou satisfação pode existir
por muito tempo. Mesmo enquanto eles existem, a satisfação toma-se insuportável
e, finalmente, não pode ser aceita. Desista da sua aposta na sua reação
negativa, nas opiniões obstinadas da sua pequena mente, na indolência que o
força a sucumbir aos velhos hábitos da sua personalidade separada. Você
ganhará, assim, um vida verdadeira. Espere pacientemente, mas esteja pronto
para receber sabedoria divina, que você pode ativar caso assim o deseje. Quando
esse estágio for instituído, ou quando estiver no processo de ser continuamente
aprofundado e fortalecido, então outras manifestações começarão a aparecer,
interna e externamente.
Você encontrará uma imensa
segurança. Essa é uma segurança que se pode ser obtida quando você descobre a
realidade do Mundo Espiritual que existe no seu interior e que opera ao seu
redor. Conhecerá então a profunda paz do significado da sua vida e de toda a
vida. Você vai conhecer intuitivamente as conexões e será permeado por um senso
de plenitude e segurança que supera todas as palavras. E tudo isso não será
mais uma crença teórica à qual você se agarra ou nega, mas um fato de
experiência que você pode reconhecer sempre. Sempre existe uma saída para toda
escuridão e, portanto, nunca existe razão para o desespero. Você saberá que sempre
é capaz de usar o que quer que experimente para aumentar a sua felicidade.
Pontos escuros tornam-se oportunidades para mais luz e não precisam mais ser
evitados, quer se trate de dor, de culpa ou de qualquer outra coisa. Você
experimentará repetidamente o sistema aberto de criação.
Você conhecerá e usará o seu
próprio poder de criar, em vez de se sentir um objeto indefeso num mundo fixo.
Paz e conhecimento da retidão da vida provêm da percepção de que o seu mundo, a
sua experiência, são criações suas. Isso abre muitas portas. Você não vive mais
no mundo bidimensional do ou isto ou aquilo. Você se serve da realidade
multifacetada que está à sua disposição. A confiança e a ausência de medo que você
passa a experimentar liberam uma imensa quantidade de energia e de felicidade.
À medida que você perde o seu medo da raiva e do ódio, porque pode aceitar a
sua própria raiva e o seu próprio ódio, eles deixam de existir. A energia agora
está livre para outras expressões melhores. Você se torna capaz de sentir prazer
e felicidade e não precisa mais rejeitá-los. Em vez de criar solidão, você pode
criar relacionamentos: a felicidade do relacionamento mais íntimo com um
companheiro e a satisfação de amizades profundas e abertas. O prazer não o assustará
mais porque você sabe em cada poro e em cada célula do seu corpo que o merece.
Cada poro e cada cédula em você são expressões de uma consciência que agora
está em harmonia com a sua Consciência Divina.
Muitos de vocês se encontram num
estado intermediário no qual sentem novas alegrias e novos prazeres que nunca
souberam que existissem. A vida se lhes abre como nunca antes. Mas você também
não está capacitado a suportar muito disso. A razão para tal é que você ainda
não se entregou totalmente à Consciência Divina, ou ainda não encarou
suficientemente aspectos negativos que existem em você e ainda se agarra a
eles. Portanto, você teme o prazer, que se torna mais assustador que o mundo
cinzento que você ainda deseja e cria, um mundo sem prazer nem dor. Você muitas
vezes quer decididamente preservar esse estado de cor cinza sem saber que o
faz. E um cinzento que lhe dá conforto, mas que a longo prazo o deixa vazio.
Uma inevitável manifestação do processo contínuo de
realização do seu Eu profundo é a incrível criatividade que brota da sua vida
interior. Você é criativo em ideias, alternativas, em talentos,
em riquezas de sentimentos e na habilidade de viver e relacionar-se com as
outras pessoas. Você descobre o tesouro dos seus poderes criativos, da riqueza
dos seus sentimentos e da plenitude do seu próprio ser. Só passando pelo vazio
é que você pode encontrar essa plenitude. E isso exige uma coragem que vem
quando você medita ou ora por ela. Você tem de querer a plenitude e dedicar-se
a ela. Essa plenitude de sentimentos, essa riqueza de ideias criativas e a
capacidade de viver no agora com todo o seu interesse e paz vão aprofundar-se e
ampliar-se. Isso não consistirá em opostos mutuamente excludentes, mas em
diferentes facetas da mesma plenitude. Os momentos que você parece perder essa
perspectiva serão menos frequentes e menos conflituosos.
Uma vez que agora você tem o
poder de criar, você pode criar uma compreensão intuitiva mais profunda acerca
de si mesmo, dos outros e da vida. Sua atitude de relaxamento em relação a cada
parte de si mesmo elimina a necessidade de encobrir e de fugir do que quer que
exista no seu interior e, portanto, deve torná-lo consciente das outras pessoas
nos seus níveis mais profundos. Você lê os pensamentos dessas pessoas e compreende as
conexões mais profundas dentro delas e entre elas, de forma a poder ajudá-las,
ter empatia por elas e amá-las. Você não precisará jamais temer os outros e
defender-se contra eles com as defesas destrutivas do seu Ego.
A união interior com o seu Eu
eterno toma possível usar a sua capacidade criativa para explorar qualquer área
de verdade universal que verdadeiramente deseje compreender. Você conhece agora
o poder do pensamento e da consciência, e pode focalizá-lo como resultado da
autodisciplina que aprendeu a ter. Assim você pode cultivar uma receptividade
para experimentar o estado eterno além da morte física. Essa percepção não é
confiável enquanto você a busca movido pelo medo da morte. Ela só é confiável quando
você não teme a morte, porque agora você pode morrer da mesma maneira como pode
sentir dor. Sempre
que você quer alguma coisa por medo do seu oposto, o resultado não pode ser
digno de confiança. Você só pode criar a partir da plenitude, e não a partir da
necessidade e da pobreza.
Portanto, a dificuldade está em
criar inicialmente a plenitude. A busca do oposto daquilo que você teme é uma
fuga e o conduz a uma divisão antes que à unificação. É preciso tomar a estrada
exatamente oposta. Você tem de morrer muitas mortes, agora mesmo, a cada dia da
sua vida, para descobrir a eternidade da vida. Só então você viverá sem medo.
Como você pode morrer
todas essas pequenas mortes? Siga exatamente o processo que descrevi: abra mão
do pequeno Ego, das pequenas opiniões, das reações negativas nas quais você
investe tanto. Você tem que morrer para isso tudo. O pequeno Ego, com os seus
pequenos investimentos, tem de morrer. Dessa maneira você pode transcender a
morte e, intuitivamente, experimentar a realidade da vida ininterrupta.
Quando você viver sem medo da
morte por experimentá-la tantas vezes, você saberá que, em princípio, a morte
física é a mesma coisa. Você descobre isso abrindo mão temporariamente do Eu
menor, apenas para encontrar um despertar maior da personalidade, o qual então
une-se com o pequeno eu. Você vê, portanto, que nem mesmo o pequeno eu do Ego
realmente morre. Ele é ampliado e unificado com o Eu maior e não abandonado.
Mas ele parece ser abandonado e você deve estar preparado para dar o salto.
Quando isso acontece, uma medida
de eternidade manifesta-se na sua vida no mesmo instante. Ela se manifesta não
apenas eliminando o medo de morrer, mas também num sentido prático mais
imediato. Ela vai mantê-lo cheio de vitalidade e juventude, dando-lhe como que
um gosto prévio da atemporalidade da verdadeira vida.
Outra manifestação exterior é a
abundância. Uma vez que a verdadeira vida espiritual é abundância ilimitada, em
alguma medida você deve começar a manifestá-la quando concretiza o seu Eu
Divino. Se você puder abrir espaço na sua consciência para a abundância
exterior como reflexo da abundância universal, você vai criá-la e vivenciá-la.
Se a quer vivenciar por medo da pobreza, você também cria uma divisão, uma
ruptura. A abundância que você cria por medo não é construída sobre a
realidade, e a sua frágil estrutura será inevitavelmente esmagada novamente, de
forma que você possa deixar de ser pobre e dissolver a ilusão da pobreza. Só
depois disso é que a riqueza real e unificada pode crescer. Somente quando pode
ser pobre em primeiro lugar é que você pode permitir-se ser rico como uma
expressão exterior do conteúdo interior. Então você não vai mais querer ser
rico em nome do poder ou de ganhos externos aos olhos de outros, ou por cobiça
e medo, mas para ser uma verdadeira expressão da abundância que é a natureza do
Universo.
Outra manifestação exterior do
processo contínuo de concretização da vida diária é o equilíbrio apropriado de
todas as coisas: o equilíbrio entre o afirmar-se e o ceder, por exemplo. O
conhecimento espontâneo de quando um ou outro é adequado vem de dentro. Ou
então considere o equilíbrio adequado do altruísmo correto e do egoísmo errado.
Todos esses equilíbrios e dualidades vão tornar-se elementos de uma
unificação e de uma harmonia espontâneas. O conhecimento intuitivo de quando,
do que e de como virá não porque você assim decidiu com a sua mente, mas por
ser uma expressão de verdade e beleza interior que alcança expressão no nível
exterior, de forma bela e apropriada.
Haverá estabilidade e beleza em todo o seu ser — uma
cortesia e um cavalheirismo que nunca precisam ter medo do ridículo, nem que
outros tirar vantagem deles. Existirá uma ordem sem um traço de compulsão,
ordem em todas as coisas da sua vida. Ordem e beleza são relacionadas e
interdependentes. Vai haver generosidade, um dar e receber num fluxo constante.
Vai passar a existir uma profunda capacidade de ser grato e de apreciar os
outros, a si mesmo e a todo o Universo criativo.
Uma nova liberdade para ser
gentil e vulnerável vai fazê-lo verdadeiramente forte e afastar a falsa
vergonha. Concomitantemente, você vai sentir uma nova liberdade para ser forte
e afirmativo — e até mesmo para ficar com raiva — sem falsa culpa. Você conhecerá e agirá a
partir do seu interior, pois estará em permanente contato com a sabedoria, com
o amor e a verdade da sua realidade divina interior.
A solidão emocional, que é o
quinhão voluntariamente escolhido de tantas pessoas, gradualmente começa a desaparecer
entre vocês, meus amigos. No seu desenvolvimento vocês aprendem a ser reais, a
funcionar sem máscaras e fingimentos. Consequentemente, vocês começam a se
sentir bem com a intimidade. Ao deixar simultaneamente de sentir a síndrome
dor/prazer, um verdadeiro êxtase e profunda fusão em todos os níveis
necessariamente lhes darão a mais profunda realização que um ser humano pode
experimentar. Vocês progredirão para novas alturas e profundidades de
experiência, nas quais exploram o universo interior em uníssono. A solidão e a
tortura do conflito entre a necessidade de proximidade e o medo dela não
existirão mais. Esses relacionamentos se fundem em todos os níveis. A
abundância do Universo se evidencia em todas as áreas da vida. Vocês a sentirão
na participação, no respeito, no calor, na facilidade e no conforto com que
você se torna íntimo e se funde com a outra pessoa, ou no dar à outra pessoa e
no receber dessa mesma pessoa. A segurança do seu sentimento vai torná-los
igualmente seguros a respeito do fato de que estão sendo amados.
Vocês experimentarão a
profunda satisfação de dar, de ajudar, de cumprir uma missão e de serem
devotados a fazê-lo, e vão regozijar-se no incessante processo criativo que
está em ação em tudo isso.
Todos esses são parâmetros para
vocês, meus amigos. Estes não devem ser usados para deixá-los desanimados,
impacientes ou intolerantes. São parâmetros que vocês podem usar para criar sua
visualização interior deliberada em relação a todas e quaisquer dessas
expressões de vida. E então vocês talvez fiquem mais fortemente motivados a ir mais longe
na procura daquilo que ainda se interpõe no seu caminho. Esta palestra vai lhes
dar muitas ferramentas para o trabalho de vocês.
O amor do Universo se estende
sobre vocês e penetra fundo nos seus corações, meus queridos amigos. Sejam
abençoados. Fiquem com Deus.
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