Saudações, meus amigos. Que Deus abençoe a todos vocês. Que as bênçãos divinas possam estender a cada um de vocês o auxílio para assimilar as palavras que falo. Nós discutimos anteriormente o medo de amar. Você lembrará que eu mencionei como a criança deseja ser amada exclusivamente e sem limites. Em outras palavras, o desejo que a criança tem de ser amada é irreal.
A falta de amor maduro
Uma vez que as crianças raramente
recebem suficiente amor e carinho maduros, elas continuam a ansiar por eles
durante toda a vida, a menos que essa falta e essa ferida sejam reconhecidas e
adequadamente resolvidas. Caso contrário, quando elas passarão pela vida
inconscientemente lamentando por aquilo que lhes faltou na infância. Isso as
fará incapazes de amar de forma madura. Você pode ver como essa condição
continua de geração em geração.
Porém essa falta de recepção de
amor maduro não precisa perturbar nem a você nem a sua vida se você se tornar
consciente dela e vir a reorganizar os seus antigos desejos, arrependimentos,
pensamentos e conceitos inconscientes, sintonizando-os com a realidade de cada
situação. Em consequência, você não apenas vai se tornar uma pessoa mais feliz,
mas também será capaz de estender aos outros o amor maduro – aos seus filhos,
caso os tenha, ou às outras pessoas que o cercam – de forma que uma benigna
reação em cadeia possa começar. Uma autocorreção realista como essa é bastante
contrária ao seu atual comportamento interior, que agora vamos analisar.
Todas as pessoas, incluindo até
mesmo aquelas poucas que começaram a explorar a sua mente e suas emoções
inconscientes, habitualmente passam ao largo da forte ligação entre o anseio e
a frustração da criança e as dificuldades e problemas atuais da idade adulta,
porque muito poucas pessoas sentem pessoalmente – e não apenas reconhecem em
teoria – como é forte esse vínculo. A plena consciência disso é essencial.
Pode haver casos isolados e
excepcionais em que um pai, ou mãe, ofereça um grau suficiente de amor maduro.
Mesmo que um dos pais o possua em um certo grau, muito provavelmente o outro
não o terá. Uma vez que o amor maduro nesta Terra está presente apenas em certa
medida, a criança sofrerá com as limitações até mesmo do pai amoroso. Com mais frequência,
no entanto, ambos os pais são emocionalmente imaturos e não podem dar o amor
maduro pelo qual a criança anela, ou o dão apenas numa medida insuficiente.
Durante a infância, essa necessidade raramente é consciente. As crianças não
têm como pôr suas necessidades em pensamento. Elas não podem comparar aquilo
que têm com o que os outros possuem. Não sabem que algo mais pode existir.
Acreditam que é assim que devemos ser. Ou, em casos extremos, elas se sentem
especialmente isoladas, acreditando que o seu quinhão é diferente do de todos
os demais.
Ambas as atitudes estão longe da
verdade. Em ambos os casos, a verdadeira emoção não é consciente e, portanto,
não pode ser avaliada propriamente, nem é possível chegar a um acordo com ela.
Assim, as crianças crescem sem nunca entender realmente por que são infelizes,
nem mesmo sabendo que são infelizes. Muitos de vocês olham para a infância
convencidos de que tiveram todo o amor que quiseram apenas porque receberam
algum amor, mas na verdade, raramente receberam todo o amor de que gostariam.
Há um certo número de pais que
dão grandes demonstrações de amor. Eles podem estragar ou mimar seus filhos.
Esse mesmo ato de estragar e mimar pode ser uma compensação exagerada e um tipo
de pedido de desculpas por uma profunda suspeita de que não são capazes de amar
com maturidade. As crianças sentem a verdade de forma muito aguda. Elas podem
não observá-las conscientemente ou pensar sobre ela, mas por dentro as crianças
sentem com precisão a diferença entre o amor maduro, genuíno, e a variedade
imatura e excessivamente demonstrativa que é oferecida em seu lugar.
Orientação adequada e segurança
são responsabilidade dos pais e exigem autoridade da sua parte. Existem pais
que nunca ousam castigar ou exercer uma autoridade saudável. Essa falha é
devida à culpa pelo fato de o verdadeiro amor, o amor generoso, caloroso,
confortante, estar ausente nas suas próprias personalidades imaturas. Outros
pais podem ser muito severos, muito estritos. Eles, portanto, exercem uma
autoridade dominadora maltratando a criança e não permitindo que sua
personalidade se desenvolva. Ambos os tipos deixam a desejar como pais, e as
suas atitudes errôneas, absorvidas pela criança, causarão feridas e
insatisfações.
Na criança cujos pais são
rigorosos, o ressentimento e a rebelião são abertos e, portanto, mais
facilmente localizáveis. No outro caso, a rebelião é igualmente forte, mas
oculta, e por conseguinte infinitamente mais difícil de rastrear. Se você teve
um pai, ou mãe que o sufocava com afeição ou pseudo-afeição, mas que deixava a
desejar no tocante ao verdadeiro calor, ou se um dos seus pais conscientemente
fazia tudo certo mas também não tinha esse calor, inconscientemente você sabia
disso quando criança e se ressentia. Conscientemente, talvez você não pudesse
apontar o que estava falando. Exteriormente você recebeu tudo o que queria e
precisava, como poderia então traçar a sutil e delicada fronteira entre a
afeição real e a pseudo-afeição com o seu intelecto infantil? O fato de que
alguma coisa o incomodava sem que você fosse capaz de explicá-lo racionalmente
fez com que você se sentisse culpado e desconfortável. Portanto, você a tirava
do seu campo de visão, empurrando-a para o mais longe possível.
Tentativas de remediar a ferida
infantil na idade adulta
Enquanto a ferida, a decepção e a
necessidade não satisfeitas dos seus anos infantis permanecem inconscientes,
você não pode entrar em um acordo com elas. Não importa o quanto você ama os
seus pais, existe em você um ressentimento inconsciente, o que o impede de
perdoá-los pela ferida. Você só pode perdoar e esquecer se reconhecer a sua
ferida e o seu ressentimento profundamente escondidos. Como um ser humano
adulto você verá que seus pais são, também, apenas seres humanos. Eles não são
tão imaculados e perfeitos quanto a criança pensava e esperava, contudo eles
não devem ser rejeitados agora porque tinham seus conflitos e imaturidades. A
luz do raciocínio consciente tem que ser aplicada a essas emoções que você
nunca se permitiu perceber completamente.
Enquanto não tem consciência
desse conflito entre o anseio por um amor perfeito, vindo dos seus pais, e o
ressentimento contra eles, você está fadado a tentar remediar a situação depois
de adulto. Esse esforço pode manifestar-se em vários aspectos da sua vida. Você
constantemente se depara com problemas e padrões repetidos que têm origem na
sua tentativa de reproduzir a situação de infância de forma a corrigi-la. Essa
compulsão inconsciente é um fator muito forte, mas está muito oculto do seu
entendimento consciente! A maneira mais frequente de se tentar remediar a
situação ocorre na escolha dos parceiros. Inconscientemente você saberá
como escolher no parceiro aspectos semelhantes ao daquele dentre os pais que
mais deixou a desejar em sua afeição e amor reais genuínos. Mas você
também busca no seu parceiro aspectos do outro, o que chegou mais perto de
corresponder às suas exigências. Conquanto seja importante encontrar ambos os
pais representados nos seus parceiros, é ainda mais importante e mais difícil
descobrir aqueles aspectos que representam aquele que o feriu e desapontou
particularmente.
Assim, você busca os pais
novamente – de uma maneira sutil que não é sempre fácil de detectar – no seu
cônjuge, nas suas amizades ou nas demais relações humanas. No seu subconsciente
ocorrem as seguintes reações: uma vez que a criança em você não pode
libertar-se do passado, não pode chegar a um acordo com ele, não pode perdoar,
compreender e aceitar, essa mesma criança que existe em seu interior cria
condições semelhantes, tentando vencer no final para, finalmente, dominar a
situação em lugar de sucumbir a ela.
A falácia dessa estratégia
Todo esse procedimento é
profundamente pernicioso. Em primeiro lugar, é uma ilusão pensar que você foi
derrotado; portanto, é também uma ilusão pensar que agora você pode ser
vitorioso. Além do mais, é ilusório achar que a falta de amor, por mais triste
que possa ter sido quando você era criança, seja a tragédia que o seu
subconsciente ainda sente que é. A única tragédia está no fato de você
obstruir a sua felicidade futura ao continuar a reproduzir a velha situação, na
tentativa de dominá-la.
Meus amigos, esse processo é
profundamente inconsciente. Naturalmente, nada está mais distante da sua mente
enquanto você se concentra nos seus objetivos e desejos conscientes. Será
preciso escavar muito para descobrir as emoções que o conduzem repetidas vezes
para situações nas quais o seu objetivo secreto é remediar aflições infantis.
Ao tentar reproduzir a situação da infância, você escolhe
inconscientemente um parceiro com aspectos semelhantes àqueles do seu pai ou da
sua mãe.
Porém, são esses mesmos aspectos
que tornarão impossível que você receba agora o amor maduro que legitimamente
anseia, da mesma forma que foi no passado. Você acredita, cegamente, que o fato
de querer com mais força e urgência fará com que seu pai-parceiro agora ceda,
mas na realidade o amor não pode vir por esse caminho. Somente quando você
ficar livre dessa contínua repetição é que você não chorará mais pelo amor de
um pai ou de uma mãe. Em lugar disso, você vai procurar um parceiro ou outras
relações humanas que o levem a encontrar a maturidade que realmente precisa e
quer. Não exigindo ser amado como uma criança, você estará igualmente desejoso
de amar. Todavia, a criança em você acha isso impossível, não importa o quanto
você se torne capaz de amar de outro modo através do desenvolvimento e do
progresso pessoal. Esse conflito oculto eclipsa a sua alma que, em outros
aspectos, está em crescimento.
Se você já tem um parceiro, a
exposição desse conflito pode mostrar-lhe como ele ou ela se assemelham aos
seus pais em certos aspectos imaturos. Porém, uma vez ciente de que
dificilmente existe uma pessoa realmente madura, essas imaturidades do seu
parceiro não serão mais a tragédia que eram enquanto você buscava
constantemente reencontrar um dos seus pais, ou ambos, o que, é claro nunca
poderia ocorrer. Com sua imaturidade e incapacidade atual, você pode não
obstante construir uma relação mais madura, livre da compulsão infantil de
recriar e corrigir o passado.
Você não tem ideia do quanto o
seu subconsciente está preocupado com o processo de reencenar a peça, por assim
dizer, na esperança de que “desta vez vai ser diferente”. E nunca o é! À medida
que o tempo passa, cada decepção pesa mais e a sua alma fica cada vez mais
desencorajada.
Para aqueles de vocês, meus
amigos, que ainda não atingiram certas profundidades do seu subconsciente
inexplorado, isso pode parecer muito absurdo e forçado. Contudo, aqueles que
chegaram a ver o poder das suas tendências, compulsões e imagens ocultas irão,
não apenas acreditar prontamente nisso, mas em breve experimentarão a verdade
dessas palavras em suas próprias vidas.
Você já sabe, por meio de outras
descobertas, como são poderosas as operações da sua mente subconsciente, com
que astúcia ela percorre os seus caminhos destrutivos e ilógicos. Se você
aprender a olhar para os seus problemas e insatisfações desse ponto de vista, e
seguir o processo usual de permitir que as suas emoções venham à tona, você
obterá muito mais visão interior. Porém, meus amigos, será preciso revivenciar
o anseio e a ferida da criança chorosa que você foi um dia, embora fosse também
uma criança feliz. Sua felicidade pode ter sido válida e verdadeira, pois é
possível ser a um tempo feliz e infeliz.
É possível que você agora tenha
plena consciência dos aspectos felizes da sua infância, mas daquilo que o feriu
profundamente e daquele algo pelo que você ansiava muito – você nem sequer
sabia o quê -, você não tinha consciência. Você não sabia o que estava faltando
ou mesmo que faltava algo. Essa infelicidade básica tem que vir à consciência
agora, se você realmente quiser prosseguir no desenvolvimento interior. Você
tem de reexperimentar a dor aguda que sofreu um dia, mas que foi empurrada para
fora do campo de visão. Agora você tem de olhar para essa dor, consciente da
compreensão que obteve. Só fazendo isso você entenderá o verdadeiro valor dos
seus problemas atuais e os verá na sua verdadeira luz.
Como reexperimentar a ferida
infantil
Bem, como é possível conseguir
revivenciar as feridas de tanto tempo atrás? Existe apenas um modo, meus
amigos. Tome um problema presente. Retire-lhe todas as camadas superpostas das
suas reações. A
primeira camada, a mais acessível, é a racionalização, aquela que
“prova” que outros seres humanos, ou as situações, são culpados: não são os
seus conflitos mais internos que fazem com que você adote a atitude errada face
ao verdadeiro problema que o confronta.
A próxima camada pode ser a raiva, o
ressentimento, a ansiedade, a frustração. Por trás de todas essas reações vai
encontrar a ferida de não ser amado. Quando você experimentar a ferida de não ser amado no seu
presente dilema, isso servirá para abrir novamente a ferida da infância.
Enquanto estiver enfrentando a ferida atual, volte atrás em pensamento e tente
reconsiderar a situação com os seus pais: o que eles lhe deram? Como você
realmente se sentiu em relação a eles? Você vai perceber que, de muitas
maneiras, sentiu falta de um certo quê, o qual você nunca viu com clareza antes
– que você não queria ver. Descobrirá que isso deve tê-lo ferido quando
criança; você pode ter esquecido essa ferida num nível consciente, porém ela
não foi completamente esquecida. A ferida do seu problema atual é exatamente a
mesma.
Agora, reavalie a sua ferida presente, comparando-a com
aquela da infância. Pro fim, verá que ambas são exatamente a mesma ferida. Não
importa o quão verdadeira e compreensível seja a sua dor atual, ela é, não
obstante, a mesma dor da infância. Um pouco mais tarde você vai
ver como contribuiu para produzir a dor presente com desejo de corrigir a
ferida infantil. Mas a princípio você tem apenas que sentir a semelhança da
dor. Contudo, isso exige um considerável esforço, pois há muitas emoções
superpostas que cobrem a dor atual, bem como aquela do passado. Antes que você
tenha conseguido cristalizar a dor que está experimentando, você não pode
entender nada mais a esse respeito.
Uma vez que você possa sincronizar essas duas dores e
perceber que elas são uma e a mesma dor, o próximo passo é muito mais fácil. Então,
olhando novamente o padrão repetitivo nas suas várias dificuldades, você vai
aprender a reconhecer a semelhança entre os seus pais e as pessoas que o feriam
ou que agora lhe causam dor. Experimentar emocionalmente essas emoções vai
fazê-lo avançar mais no caminho particular de dissolução desse conflito básico.
A simples avaliação intelectual não apresentará nenhum benefício. Quando você
sentir as semelhanças, enquanto ao mesmo tempo sente a dor de agora e a dor de
então, você lentamente chegará à compreensão de como você pensou que tinha de
escolher a atual situação porque bem no fundo não podia admitir a possibilidade
da “derrota”.
Não é preciso dizer que muitas
pessoas não tem sequer a consciência de qualquer dor, passada ou presente. Elas
sempre desviam o olhar. Os seus problemas não aparecem como “dor”. Nesse caso,
o primeiro passo é ficar consciente de que essa dor está presente e que ela
fique infinitamente mais enquanto ainda inconsciente.
Muitas pessoas têm medo dessa dor
e preferem acreditar que, ao ignorá-la, podem fazê-la desaparecer. Elas
escolhem esse tipo de alívio só porque os seus conflitos se tornaram grandes
demais. Como é maravilhoso para uma pessoa escolher seguir este Pathwork com a
sabedoria e a convicção de que um conflito oculto, a longo prazo, causa tanto
dano quanto um conflito aparente. Ela não terá medo de descobrir a verdadeira
emoção e sentirá, mesmo na experiência temporária da dor profunda, que nesse
momento ela se torna uma Dor saudável, que trás crescimento, livre de
amargura, tensão, ansiedade e frustração.
Há também os que toleram a dor,
mas de modo negativo, sempre esperando que ela seja resolvida por uma causa
externa. Essas pessoas estão de certa forma mais próximas da solução porque
para elas será muito fácil ver como o processo infantil está em ação. O
elemento externo é o pai ou a mãe, ou ambos, pelos quais elas foram feridas,
projetados em outros seres humanos. Elas têm apenas que redirecionar a
abordagem das suas dores. Não precisam descobri-las.
Como deixar de recriar
Só depois de experimentar todas
essas emoções e sincronizar o “passado” e o “agora” é que você se dará conta do
quanto tentou corrigir a situação. Além disso, Verá também a loucura do desejo
inconsciente de recriar a ferida da infância, a inutilidade frustrante de tudo
isso. Você observará todas as suas ações e reações com essa nova compreensão e
visão e, portanto, libertará os seus pais.
Sua infância será realmente
deixada para trás e você começará a ter um novo padrão interno de
comportamento, o qual será infinitamente mais construtivo e compensador para
você e para os outros. Você não buscará mais dominar a situação que não podia
dominar quando criança; prosseguirá de onde está, esquecendo e perdoando
verdadeiramente no seu interior, sem ao menos pensar que o fez. Não lhe será
mais preciso ser amado da forma que precisava quando criança. Primeiro você se
dará conta de que isso é o que ainda quer, e então não buscará mais esse tipo
de amor.
Uma vez que você não é
mais uma criança, vai procurar o amor de uma forma diferente, oferecendo-o em
vez de ficar esperando recebê-lo. Deve-se sempre enfatizar,
contudo, que muitas pessoas não tem consciência de que esperam recebê-lo. Ema
vez que a expectativa infantil, inconsciente foi tantas vezes frustrada, elas
se obrigam a desistir de todas as expectativas, de todo desejo de serem amadas.
Não é preciso dizer que isso não é nem genuíno nem saudável; pelo contrário, é
extremamente errado.
Para ser produtivo e obter
verdadeiros resultados, esse conhecimento tem de ir além da mera compreensão
intelectual. Você tem que concordar em sentir a dor de certas insatisfações
atuais, e também a dor da frustração na sua infância. Então compare as duas até
que, como dois slides diferentes, elas se mesclem uma à outra em foco e
tornem-se uma só o conhecimento que você obtém, uma vez que sinta essa
experiência exatamente como eu a descrevo aqui, vai capacitá-lo a dar os
próximos passos de que necessita.
É de grande importância para
todos vocês trabalharem nesse conflito interno de forma a obter uma nova
perspectiva e esclarecimento adicional na sua busca interior. A princípio,
essas palavras podem talvez dar-lhe apenas um lampejo ocasional, uma emoção que
pisca temporariamente para você, mas eles devem uma ajuda e abrir as portas
para um conhecimento melhor de si mesmo, para uma avaliação da sua vida com uma
perspectiva mais realista e madura.
Agora, há alguma pergunta ligada
a esta palestra?
PERGUNTA: É muito
difícil para mim compreender que uma pessoa escolha sempre um objeto de amor
que tem exatamente as mesmas tendências negativas que um dos seus pais, ou de
ambos. É verdade que essa pessoa em particular tenha essa tendência, ou isso é
uma projeção, uma reação?
RESPOSTA: Pode
ser ambas ou uma das duas. De fato, na maioria das vezes, é uma combinação.
Certos aspectos são procurados inconscientemente, e encontrados, e são
realmente semelhantes. Mas as semelhanças que existem são ampliadas pela pessoa
que está fazendo a recriação. Elas não são apenas qualidades projetadas,
“vistas”, quando na realidade não estão presentes, mas estão latentes em certo
grau sem que sejam manifestadas. Estas são encorajadas e fortemente trazidas à
tona pela atitude da pessoa que tem o problema interior não reconhecido. Ele ou
ela fomenta algo na outra pessoa provocando a reação que é semelhante à dos
seus pais. A provocação, que, naturalmente, é inteiramente inconsciente, é um
fato muito poderoso, aqui.
A soma de uma personalidade
humana consiste em muitos traços. Destes, uns poucos podem ser realmente
semelhantes a alguns traços dos pais da pessoa que os recria. O mais destacado
seria uma espécie semelhante de imaturidade e incapacidade parar amar. Isso por
si só é suficiente e forte o bastante, em essência, para reproduzir a mesma
situação.
A mesma pessoa não reagiria a
outros como reage a você, porque é você que é você que constantemente provoca,
reproduzindo assim condições semelhantes às da sua infância para que possa
corrigi-las. O seu medo, a sua autopunição, a sua frustração, a sua raiva, a
sua hostilidade, a sua retirada do ato de dar amor e afeição, todas essas
tendências da criança em você constantemente provocam a outra pessoa e aumentam
uma reação vinda da parte que é fraca e imatura. Contudo, uma pessoa mais amadurecida
afetará as outras de modo diferente e trará à tona aquilo que nelas é maduro e
integral, pois não existe ninguém que não possua alguns aspectos maduros.
PERGUNTA: Como
posso distinguir se outra pessoa me provocou ou se eu a provoquei?
RESPOSTA; Não é
preciso descobrir quem começou, pois se trata de uma reação em cadeia, um
círculo vicioso. É útil começar por localizar a sua própria provocação, talvez
em resposta a uma provocação aberta ou dissimulada de outra pessoa. Assim você
percebe que, porque foi provocado, você provocou outra pessoa. E porque você o
faz, o outro responde na mesma moeda. Mas se, de acordo com a palestra desta
noite, você examinar a razão verdadeira, não a superficial, a razão pela qual
você ficou ferido em primeiro lugar e, portanto, provocou, você não considerará
mais essa ferida como desastrosa.
Você terá uma reação diferente à
ferida e, como conseqüência, ela diminuirá automaticamente. Por conseguinte,
não sentirá mais a necessidade de provocar a outra pessoa. Também, à medida que
diminui a necessidade de reproduzir a situação da infância, você se torna menos
retraído e ferirá os outros cada vez menos, de forma que eles não terão que
provocá-lo. Se o fizerem, você agora também entenderá que eles reagiram em
razão das mesmas necessidades cegas e infantis que você possuía.
Agora você pode ver como atribui
diferentes motivações à provocação das outras pessoas e à sua própria, mesmo se
e quando na realidade reconhece que você iniciou a provocação. À medida que
obtém uma nova visão sobre a sua própria ferida, compreendendo a sua origem,
você conquista o mesmo desprendimento da reação da outra pessoa. Você vai achar
exatamente as mesmas reações em si mesmo e no outro. Enquanto o conflito
infantil permanece não resolvido em você, a diferença parece enorme, mas quando
percebe a realidade, você começa a romper o círculo vicioso.
Ao perceber uma interação mútua
desse tipo, você alivia o sentimento de isolamento e culpa com o qual ambos
estão sobrecarregados. Você está sempre flutuando entre se culpar e acusar
aqueles que o cercam de serem injustos com você. A criança em você se sente
inteiramente diferente dos outros, em um mundo que lhe é próprio. Ela vive
nessa ilusão prejudicial.
À medida que você resolve esse
conflito, sua consciência em relação às outras pessoas começa a crescer, pois,
por enquanto, você não tem consciência da realidade delas. Você as acusa e é
excessivamente ferido por elas, porque não entende a si mesmo e, portanto, não
entende a outra pessoa. Por outro lado, e ao mesmo tempo, você se recusa a 53
dar-se conta de quanto é ferido. Isso parece paradoxal, mas não é. Quando você
se sentir por si mesmo as interações expostas esta noite, você descobrirá o
quanto isso é verdadeiro.
Enquanto algumas vezes você pode
exagerar uma ferida, outras vezes você não se permite sequer perceber que foi
ferido, porque talvez o fato não se encaixe na visão que você tem da situação;
a percepção do fato de se sentir ferido pode estragar a idéia que você
construiu de si mesmo, ou pode não corresponder ao seu desejo naquele momento.
Se a situação, ao contrário, parece favorável e se enquadra na sua idéia
preconcebida, você exclui tudo o que o machuca, deixando que ela fermente por
baixo e crie uma hostilidade inconsciente. Essa reação como um todo inibe as
suas faculdades intuitivas, pelo menos nesse aspecto em particular.
A constante provocação que se dá
entre os seres humanos, embora oculta da sua consciência, por enquanto, é uma
realidade que você virá a perceber de forma bastante clara. Isso terá um efeito
muito libertador em você e no mundo que o cerca. Mas não é possível que você o
perceba a menos que entenda os padrões existentes em você mesmo e que foram por
mim discutidos esta noite.
Por hoje, essas são as questões
que eu queria abordar. Sigam o seu caminho, meus queridos, e que as bênçãos que
trazemos a todos vocês possam envolvê-los e penetrar seus corpos, suas almas e
espíritos, de modo tal que possam abrir a alma e tornar-se o Eu Verdadeiro, o
seu próprio Eu Verdadeiro. Abençoados sejam, meus amigos; fiquem em paz, fiquem
com Deus.
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