- CAPÍTULO 22 - A TRANSIÇÃO PARA A INTENCIONALIDADE POSITIVA

 Saudações, Deus abençoe a todos os presentes. Concentrem-se na dimensão que agora deseja comunicar-lhes sua plenitude e riqueza. Vocês podem ser enriquecidos, se assim quiserem. E uma questão de concentração e de intenção. Peçam por orientação interior para ajudá-los nessa empresa, de forma que esta palestra seja novamente útil como um passo adiante na sua busca.

Eu gostaria de falar novamente — desta vez num nível mais profundo e com uma nova abordagem — da sua tentativa de transformar a intencionalidade negativa em expressões positivas. Muitos de vocês que trilham este Pathwork estão finalmente conscientes daquilo que antes ignoravam, negavam ou reprimiam. Como é importante e vitalmente essencial isso, sem qualquer caminho de autoconhecimento, autoenfrentamento e purificação! Mas não é suficiente, meus amigos, ter consciência; é preciso mais. Eu também disse que uma das razões fundamentais para a dificuldade em proceder a mudança da intencionalidade negativa para a positiva é que, secretamente, a personalidade se identifica quase que totalmente com a parte destrutiva; portanto, abandonar essa parte da personalidade parece temerário, perigoso e aniquilador. A questão então é como proceder para mudar esse sutil sentimento interior de identidade. Quando não se admite ao Eu expressões negativas, elas se congelam numa ferida infeccionada de culpa e desconfiança em si mesmo, a qual, traduzida em palavras concisas, significaria: “Se a verdade a meu respeito fosse conhecida, todos saberiam que eu sou completamente mau. Mas, uma vez que esse é o meu verdadeiro eu, e uma vez que eu não quero deixar de existir, não posso querer abrir mão de mim mesmo. Tudo o que posso fazer é fingir que sou diferente”. Esse é um clima devastador na alma humana, no qual a confusão cresce e o genuíno senso de identidade se perde cada vez mais. O conhecimento correto, no intelecto, pouco faz para aliviar essa condição perturbadora e dolorosa. Nesta palestra, trataremos mais detalhadamente do processo que recomendei para efetivar uma mudança.

Examine todos os pensamentos

O primeiro passo é dar-se conta de que a sua intencionalidade negativa não é realmente inconsciente no sentido estrito da palavra. Ela não é, absolutamente, um material profundamente reprimido. Ela é, na realidade, uma atitude e uma expressão conscientes; apenas ocorre que você optou por ignorá-la, até finalmente “esquecer” que ela está presente. O ato deliberadamente sustentado de desviar o olhar de alguma coisa resulta, com o tempo, em não se ver o que estava lá todo o tempo. No momento em que os olhos começam a entrar em foco novamente, o material toma-se imediatamente discernível. Um material desse tipo não é, na verdade, inconsciente. Essa diferença é muito importante.

A esta altura, muitos de vocês aceitam, encaram e admitem uma parte dessa intencionalidade negativa, mas não toda ela; vocês ainda preferem ignorar uma porção. Para tomar totalmente consciente o material restante, e também para produzir a mudança da intencionalidade negativa para a positiva, é preciso que você examine atentamente aqueles padrões de pensamento diários “pequeninos e triviais” que se tomaram parte integrante de você a tal ponto que dificilmente lhe ocorre prestar atenção neles. Contudo, todos os processos de pensamento têm um tremendo poder e devem ser perquiridos. Muitos pensamentos e reações automáticos são deixados de lado e idealizados; seu significativo poder é ignorado. Assim, você pode ignorar uma reação de má-vontade, inveja ou ressentimento acusador apesar de notar a sua intencionalidade negativa em outros aspectos. Mas são essas pequenas reações habituais que devem ser exploradas.

Por exemplo, você pode admitir um ódio ou raiva irracionais. Pode asseverar externamente que essas reações são irracionais, mas uma parte de você ainda se sente no direito de ter todos esses sentimentos por sentir-se injustamente tratada. Você ainda reage ao passado e traz sua reação para o presente. A dor e a angústia passada podem realmente 154 ser reprimidas no verdadeiro sentido da palavra. Para tornar acessível a real experiência direta é preciso lidar com a defesa de uma maneira mais completa. A defesa é sempre, de uma forma ou de outra uma intencionalidade negativa, que não é realmente inconsciente. A dor do passado, a experiência que você nega para si mesmo, torna-se uma reação distorcida no presente. E essas reações devem ser vistas como realmente são.

Suponhamos que você descubra que está com raiva e ressentimento numa situação presente. Como eu já disse, geralmente você sabe e admite que esse é um sentimento negativo, mas emocionalmente ainda sente que está certo a respeito da questão. Pode haver aqui uma dolorosa confusão: uma parte de você sente que suas demandas e reações são injustificadas; uma outra parte sente-se tão carente e exigente que reage como se pensasse que o mundo devesse girar à sua volta, e o impede de ver todo o quadro objetivamente.

Nesse estágio, é preciso extrair o pensamento que fermenta no seu interior e examiná-lo com aquela parte de você que é madura. Você deve seguir esse pensamento confuso em todo o seu trajeto e usar todos o seus recursos e toda a sua atenção para ir mais longe na sua compreensão de si mesmo. Então, seus sentimentos negativos, com os pensamentos distorcidos que estão por trás deles, serão realmente defrontados por pensamentos verdadeiros, maduros e realistas. Estes não devem forçar aqueles a se esconderem novamente. Isso deve ser terminantemente evitado — e você, que segue este Pathwork, já sabe o bastante para não ser tentado a cair nesta armadilha. O processo deve ser um diálogo consciente. Este é um processo integrativo que, com o tempo, acabará com as divisões e estabelecerá uma identificação com o seu Eu maduro, construtivo e genuíno.

É preciso não se admitir a existência de atitudes equivocadas, destrutivas, mesquinhas e irreais; o próximo passo é saber exatamente por que essas atitudes são negativas e de que maneira elas distorcem a verdade. Você então pode considerar inteligentemente a situação realista em vez de optar por uma visão infantil e distorcida. Se você puder expressar o desejo e a intenção inteiramente irracionais que estão por trás da atitude destrutiva e, depois, expressar a maneira pela qual essa intenção se opõe à realidade, à justiça e à verdade, então, qualquer que seja a negatividade, você terá dado um outro grande passo rumo à sua transformação em intencionalidade positiva. Você terá removido uma defesa desnecessária, que o impede de viver a vida.

Seu pensamento adulto tem que se expressar ao lado do seu pensamento destrutivo infantil sobre a questão na qual você se encontra envolvido de forma tão emotiva. Isso você pode fazer, caso realmente o queira. Seus processos de pensamento geralmente funcionam muito bem quando você assim o deseja. Os processos são normalmente os mais desenvolvidos e podem ser postos a serviço do processo de purificação.

É absolutamente necessário que você conheça as ramificações e o significado das suas atitudes falhas; por exemplo, saber por que a sua raiva, a sua hostilidade, o seu ciúme, a sua inveja e as suas exigências parciais e unilaterais são verdadeiramente injustos. Só então você entenderá também que uma raiva sadia pode ser justificada. Quando isso é compreendido, você pode senti-la de forma limpa, sem culpa, dúvida, fraqueza e efeitos adversos duradouros. Embora o fato de sentir raiva e mágoa possa ser justificado, enquanto não souber claramente se a sua raiva é justificada ou não, você ficará sempre confuso. Sempre flutuará entre a culpa e o ressentimento, entre a negação e a rejeição de si mesmo, dos outros e da vida, e entre o medo e a acusação. Você irá, por um lado, tentar aliviar suas dúvidas em relação a si mesmo esforçando-se por criar argumentações; por outro lado, vai estar paralisado pelo medo e pela fraqueza, incapaz de autoafirmar-se. Você vai estar igualmente fraco e confuso em situações nas quais expressa as suas exigências irracionais e infantis (e, então, a sua intenção negativa, uma vez que essas exigências não sejam atendidas) ou em situações nas quais você tem de proteger os seus sentimentos em nome da verdade. Com frequência, ambas essas expressões existem numa mesma situação, o que torna tudo mais confuso ainda.

Sua mente sozinha não pode resolver esses conflitos. Os elementos destrutivos têm que ser admitidos primeiro; mas então a mente terá de confrontá-los e opor-se a eles, compreendê-los e corrigi-los.

Se a inteligência adulta é usada meramente para racionalizar a confusão dolorosa, para elaborar argumentos de defesa, para justificar a sua própria situação ou para proteger a pessoa da admissão da intenção negativa, então nada jamais se ganha. Mas se a mente adulta é usada para lançar luz sobre as demandas irracionais, tornando claro que elas são irreais e injustas e mostrando que as reações emotivas resultantes se mostram destrutivas para todos os envolvidos, então muito será obtido, e a verdade da situação emergirá.

Vá até o fim

Esse é o trabalho que o aguarda na sua próxima fase do Pathwork. Você já fez um bom progresso admitindo uma intencionalidade negativa parcial, mas por vezes essa admissão toma-se ela mesma uma fuga sutil. Ao meramente admitir repetidas vezes um sentimento negativo, sem ir adiante, sem examiná-lo para descobrir por que e como ele está errado, você apenas abre mais uma pequena porta dos fundos. Você parece fazer a coisa certa, mas se recusa a realmente ir em frente, a ir até o fim.

As tentações do mal são muito sutis. Cada verdade pode ser posta a serviço de uma distorção. Eis por que é necessária tanta vigilância. É também por isso que fazer a coisa certa nunca é por si mesmo uma garantia de que se é verdadeiro e se está em harmonia com a lei universal. Não existe uma fórmula que possa protegê-lo do mal; somente a sinceridade de coração pode fazê-lo. Essa sinceridade de coração e essa boa vontade devem ser cultivadas sempre. Ela vem da limpeza espiritual, derivada da prática da revisão diária, da meditação e do compromisso com o mundo de Deus, com o mundo da verdade, do amor, da honestidade e da integridade. Quando existe disposição para honrar a decência, a verdade, o amor e a justiça, mais do que as aparentes vantagens do pequeno Ego, medroso, aprisionador e vaidoso, a sua libertação realmente prossegue com toda certeza. Quando isso é feito nos níveis interiores que você está contatando agora através deste trabalho, e não apenas superficialmente, no nível do ser exterior, a purificação torna-se muito profunda.

Una o nível da mente ao nível dos sentimentos. Examine o significado da sua experiência sentimental e a validade e a realidade que estão por trás do sentimento. Descubra se a presunção que subjaz a uma reação sentimental é válida. Qualquer atitude destrutiva é a expressão de um julgamento de valor subjacente, e esses julgamentos de valor devem ser muito claros quanto à sua exatidão ou falácia.

A dúvida só pode ser eliminada quando você dá espaço para uma atitude confiante e a experimenta. Caso simplesmente você admita a sua desconfiança, sem ir além para descobrir o que ela significa, por que ela está errada e como poderia ser diferente, você continua no status quo. Você tem de examinar o pensamento e as conclusões inerentes ao rancor, à desconfiança, ao ciúme, à hostilidade, etc, porque essas conclusões estão apenas na sua mente.

Os seres humanos têm todos os tipos de pequenos pensamentos todos os dias e em todas as horas da vida. Eles não prestam atenção a eles, mas esses pensamentos significam muito. Pensamentos têm muito poder. Todo o pensamento cria. Os seus pensamentos, tanto quanto os seus sentimentos, criam as suas ações e as suas experiências. Eles criam o estado do seu corpo, da sua mente, da sua alma e espírito.

É chegado o tempo, meus amigos, no qual um número cada vez maior de vocês pode dar esses passos de transição, passos realistas, pelos quais o mal é transformado. Você vai entregar-se a plena experiência de todos os sentimentos e dar à sua consciência o poder de governar a vida que você quer ter.

Isso é a criação positiva em ação. Isso pode ser feito. Solicite a sua orientação interior a cada passo do caminho, para deixá-lo alerta e consciente para não soterrar aquilo que deve ser tratado. Ao fazê-lo, você não apenas saberá em cada fibra do seu ser, mas sentirá e vivenciará que o que você teme é ilusão e que o Universo é um lugar rico e cheio de alegria.

Na meditação depois desta palestra, expresse a sua confiança no Universo; pense que você pode realmente ter abundância, alegria e a realização da sua vida, da sua encarnação — e essa realização traz uma paz profunda. Abençoados sejam, todos vocês, meus queridos.

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